Quando eu era pequena gostava de copiar a tarefa errada, sempre esquecia os dois pinguinhos no sinal de dividir, só por que subtrair sempre foi mais fácil que dividir. Adorava as aulas de português, o que se faz contrário hoje. Eu me divertia escrevendo poemas, alguns que ainda guardo, e achava o máximo rimar palhaço com aço e no fim comparar a um maço de cigarros e no fim de tudo iria rimar com um pigarro.
Meu problema mesmo era na hora de assinar, ficava pensando nos poetas que eu lia: Vinicius de Moraes, Pablo Neruda... e outros que sempre tinham só dois nomes. Eu era Lílian Moreira de Alcântara. Um problemão, era um nome longo pra falar, mas não podia tirar o nome do meio por quê eu gosto da minha mãe, também não podia abandonar o nome do meu pai. Era uma grande aflição que não pudesse decidir entre o nome de meus pais.
Certo dia, sentei na mesa e comecei a rabiscar meu nome, Lílian Moreira de Alcântara, Lílian Moreira Alcântara, Lílian M. Alcântara, Lílian M. A, Lílian, Líli, Lili, Li, L, . , e sabe-la como aquele ponto ainda era eu, e guardava toda a genética dos meus pais... antes que eu completasse meu racicionio falei em voz alta: Carlos Drummond de Andrade. Sim, eu poderia usar meus dois nomes.
Cresci com a mudança de idéias, deixaria de lado a escrita, seria engenheira mecatrônica, me desencantei com engenharia, seria arquiteta, atriz, economista, atoa, atéia, hippie, nada, defunta. O importante mesmo é o que quer que eu fosse, ou seja. Digo, na minha profissão poderei assinar tanto Lílian Moreira, como Lílian Alcântara, Lílian M. Alcântara, ou até mesmo um ponto. Importante é trabalhar não é? Assim diz minha mãe.
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