Twitter

faz um tempo que voltei pro twitter...
eu não o uso como manda o gabarito...
eu uso o twitter pra desabafar as frases soltas que me vêm a mente...
não precisa clicar no link...
mas se quiser ver mais reticências do que neste post...
pode clicar...

http://twitter.com/lilianalcantara

Metade



Porque metade é o que está em mim
A outra não achei

É a única coisa que eu aumentaria à este poema. E claro, assexuada como sou, desalmada, tiraria as partes que indicam vida à dois.
Porque eu acho que metade é você, a outra metade é o que faz, o que gosta, os amigos, a família, o que rodeia, a situação, o ambiente e as condições.
Não vou estragar o poema com uma análise minha.
Porque metade é o que escrevo, metade é o que apago.

Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio

Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.

Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço
Que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que eu penso mas a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste, e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.

Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância
Por que metade de mim é a lembrança do que fui
A outra metade eu não sei.

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção.

E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.

A gente não vê o tempo mudar

Eu não era uma criança muito solitária, mas gostava de ser. Às vezes me retirava num canto da casa com o velho relógio de pulso da minha mãe, que ainda é o mesmo, colocava a cabeça em cima dele de forma que eu pudesse ouvir cada 'tic' que ele fizesse arrastando os segundos. Outras vezes eu ficava tentando imaginar o segundo que a gente cresce, me imaginava com uma criança num berço do tamanho exato dela, e de repente as madeiras laterais faziam "nhec" e pronto, eu sabia que a criança tinha crescido alguns milímetros.
Eu achava que os minutos do relógio só mudavam quando a gente não tava olhando, e ficava olhando pra eles na esperança de esticar o tempo. E eu tinha toda a certeza que a lua sumia durante o dia pra mudar de fase, porque nada mudava na nossa frente. Eu nunca vi a lua diminuir. Você fica observando um tempão e vê que ela ta numa posição diferente do início da noite, mas não se lembra de ter a visto mudar. "Olha a lua caminhando". Não.

Muitos anos se passaram e parei de investigar a mudança mínima das coisas. Parei de medir minha altura semanalmente, balançar os dentes todos os dias pra contar quanto tempo ele demorava até cair.

Ao fim das minhas observações percebi um volume crescendo dentro da minha boca, como se garras de vampiro estivessem se formando, anotei mais essa. Devia ser uma mudança de formato na boca, à medida que a gente vai crescendo o corpo vai se transformando, mas eu achava que gengiva já era algo feio suficiente e não precisava daquele aumento relevante. Mas tudo bem, uma coisa que chama gengiva tende mesmo a piorar.
Fui visitar minha dentista, como eu fazia de 6 em 6 meses. Não é preconceito com as mulheres de cabelo curtinho, mas todas que conheço são muito secas, se é cabeleleira não tem o cuidado de manter meu cachinho preferido sem muitos cortes, se era a dentista não tinha cuidado ao aplicar a anestesia, se era a professora nem cuidado tinha. E a minha dentista era assim, bruta.
Foi me deitando e enfiando a mão na minha boca, como se eu fosse um ser morto que não fosse sentir dor. Era só uma limpeza de dente, mas ela conseguiu queimar minha boca com o jato de bicabornato pelo menos umas 3 vezes. Eu já tensa deitei na cadeira e fechei o olho bem forte, como se assim não fosse sentir dor. Escutei ela falando algo, o que era raro. Desbloqueei-me e perguntei: "o que?". - Tá encavalando um dente aqui, fala com a sua mãe pra vir falar comigo.
Sai de lá com peso na consciência, como me sentiria se a diretora da escola dissesse a mesma frase. Cheguei tímida em casa e contei pra minha mãe. Dois ou três meses depois eu começava meu tratamento. Descobri uma série de problemas que eu viria a ter com meus dentes. Pra isso usaria 3 tipos de aparelho dentário.
Como todo tipo de tratamento dentário, começou a série masoquista. Com otimismo anunciava-se 4 ou 5 anos de aparelho fixo (aquele dos quadradinhos) pra mim. Além de 6 meses com o freio de burro e até meus 18 anos com o outro que não sei nomear.
Sorte: meu dente que não nasceria nasceu, como usei o aparelho direitinho tudo voltou ao lugar rapidamente, nenhum dente encavalado, nenhuma cirurgia, nada de 4 anos com aparelho. Dois anos terminei tudo. Mas da última previsão não escapei.
_ Tem que usar este aparelho aqui, pra dormir, até nascer os cisos (...) e um pouco depois também. Que é pros dentes não voltarem a atrapalhar (...)
Passei seis meses usando o aparelho sem reclamar, os outros seis comecei a refletir se eu realmente precisava daquilo. Ficava 3 dias sem e sentia a mudança. Voltava a usar e doía pra voltar pro lugar. Um ano usando corretamente, mais meio ano usando dia sim dia não. Antes de completar 16 anos, sem ciso (nem juízo), abandonei a falsa dentadura na gaveta do banheiro.
E não tinha quem dissesse que eu precisasse, só a minha dentista. Mas, de criança eu já sabia: a gente não as coisas mudar, por mais que tentemos observar. Minha arcada dentária foi se abrindo, abrindo e abriu tanto que já não cabia mais no aparelho. Depois um lado começou a abrir mais que o outro, colocando medo na paciente rebelde.
Hoje, depois de muito tempo. Sorri para o espelho e comecei a me medir visualmente. Este lado aqui é menos parabólico, este dente aqui ta indo pra frente. Mas eu já estudei suficiente, não vou pagar outro carro pra minha dentista.
Peguei o antigo aparelho, remodelei - como ela fazia - e voltei a usá-lo. Agora é não olhar no espelho pra ver se os minutos pulam mais rápido e os dentinhos voltam pro lugar.

Passagem para...

Ah! Meu programa favorito: Passagem Para..., passa no Canal Futura de segunda à sexta 23 horas. Além de repetições em horários variados ao decorrer da semana. O programa é filmado, apresentado e dirigido por Luís Nachbin. O jornalista viaja por diversos países com uma câmera, na verdade duas e filma a política, cultura, esporte e o que tiver de interessante pra filmar no local.
Depois divide tudo em três episódios temáticos. Além de fazer sempre um comentário no fim do programa com algo que não foi filmado. Nas primeiras temporadas sempre entrevistava um casal (com relações pessoais ou não) que era do país exibido pelo programa mas estava morando no Brasil.
Agora o programa tem um site, onde o Nachbin escreve um blog, a produção posta vídeos que não foram ao ar, e todos os comentários do final do programa. Acho que tem vídeo e texto lá pra ler até o fim da vida. Além do que será acrescentado de vez em quando.
Recomendo o site (clique aqui). E principalmente este vídeo:


A Face do Gênio

Quando pequena eu costumava acompanhar meu pai, que fosse para a padaria, para o bar, o jogo do Clube Caratinga, ou o buteco que fosse passar o jogo do Cruzeiro. Nos fins de semana que ele resolvia ficar em casa, eu também ficava. Rodiava-o até que ele me mandasse ir buscar mais cerveja e ficar com o troco.
Nos sábados ele assistia Fórmula Um, nos domingos Futebol. Quando o assunto era futebol eu grudava no sofá, assistia o jogo, os comentários e ouvia atentamente meu pai. Ele narrava cada jogo histórico contra o adversário da vez. Quando o assunto era Fórmula Um, eu ficava na garagem rebatendo a bola contra a parede. Se eu acertasse determinado espaço era gol. E quando ela voltava eu tinha que defender, não era fácil defender aquela bola oval.
No terraço há dois quadros: um do Ayrton Senna, outro do time bi-Campeão da Libertadores de 1997 (Cruzeiro). Eu só tinha 2 anos quando o Senna morreu, portanto não me lembro de nada. Mas quase lembro, de tanto meu pai me contar, de tanto a Tv repetir.
Imagino que no dia da morte do Ayrton meu pai tenha sofrido tanto quanto eu no tal último jogo do Cruzeiro. E - imagino - que ele tenha sofrido igualmente ao ver o Cruzeiro desmerecer o título da Libertadores, depois de tão bela campanha.
Não gosto de carros, prefiro motos. Não gosto de corrida, prefiro correr. Não gosto de correr de carro, prefiro de bicicleta ou cavalo. Talvez seja quase impossível que eu venha assistir um campeonato inteiro de algum dos prêmios de corrida. Não sei nem mesmo os regularmentos, qual corrida é qual, e o tempo de duração de um campeonato, ou de uma corrida. Quando era pra ter aprendido, eu tava muito ocupada treinando pra nunca jogar bola.
Enfim, o máximo de apego que tenho ao Senna é de ver meu pai tentar me narrar as conquistas dele como me narrou a do Cruzeiro. E a única que eu gravei foi do dia que ele morreu. Se ele não morresse na pista, todo mundo ia falar que mataram ele, mataram porque ele era muito bom e a morte dele foi encomendada por...
No dia que organizei os livros aqui em casa, descobri uma biografia esquecida de Senna, ela foi escrita em 1991, antes que ele morresse. Não por Senna, não por Fórmula Um, mas sim pelo hábito de ler biografias e sempre descobrir coisas interessantes sobre a raça que eu quase consigo não percetencer (mentira): humanos.

AYRTON SENNA - A FACE DO GÊNIO (Christopher Hilton)

A primeira página, apesar de corrida era algo polêmico e interessante. Até o fim do primeiro capítulo eu fui pra descobrir o fim da primeira página. O segundo capítulo mostra a infância dele, como não resisto a saber à infância de alguém e depois da infância você logo quer saber o fim da vida, comecei a ler Senna.
E meu pai anda pela casa com os olhos brilhantes na esperança que eu finalmente me interesse por corrida, até porque, ele mesmo já está se desinteressanto, sem alguém pra dividir as informações e sem o Senna pra correr.

Da minha irmã

Quando mais nova eu desejava criatividade, tudo que eu queria era conseguir inventar algo que minha irmã ainda não tivesse pensado primeiro. Ouvir uma banda que ela não conhecesse, entrar num site que ela não soubesse que existia e participar de uma brincadeira que ela desejasse participar também.
O grande problema é que eu não tinha acesso à nada. Enquanto ela navegava pela internet no curso de computação, eu ouvia escondida as músicas da fita que ela tivesse deixado no som. E se ela tinha o CD dos Mamonas a fita abandonada ficava pra mim. Enquanto ela colecionava cartões telefonicos, eu me arriscava nas tampinhas de garrafa, depois nas latinhas de refrigerante/cerveja e por último os chaveiros. Me rendi aos cartões também, e hoje coleciono fotografias não tiradas (o que é caso para outro texto).
Foi ai que ganhamos um computador, e tudo começou a se igualar. Duas horas pra uma, duas horas pra outra. Eu passava duas horas entre bate-papo uol e o site do Cadê (eu ainda não conhecia o Google, e tive rejeição no início). Eu encontrava bandas que ninguém queria ouvir, letras de músicas que eu achava que entendia e tentava escrever coisas que acabavam virando cópia do que eu lia.
De plágio em plágio parei de plágiar os gostos da minha irmã. Comecei a tomar conceito sobre as coisas e parei de gostar do óbvio. E o óbvio pra mim era tudo que tivesse uma guitarra, uma bateria e um baixo (musicalmente falando). Das fitas rodadas naquele som preto e pesado guardei o óbvio Cazuza, e do resto descartei pra começar tudo outra vez.
Cartola pra cá, Ana Carolina pra lá, Falamansa pra lá, Pensador pra cá... Foi aí que parei de procurar o não-óbvio pra entender o que eu realmente procurava.

(20:48) #Lílian: não tenho este prazer que voc parece ter em musicas internacionais
(20:48) edo...:
acompanho esse ed sheeran a tres anos, sua evolução
como cantor
(20:48) #Lílian: uma das poucas bandas internacionais que realmente gostei foi beirut
(20:48) edo...: é a harmonia
(20:49) edo...:
harmonia, ordem no som, quem a maioria das musicas
brasileiras não tem
(20:49) #Lílian: só gosto quando tem algo de realmente excentrico, como beirut com aquela
sanfona (ou acordeon, não sei a diferença) dissociando a imagem que
tenho de sanfona pra forró, sertanejo e derivados
(20:50) edo...: acho que tambem não concordaremos com musica tão cedo
(20:51) #Lílian: acho que não temos a mesma visão de arte
(20:51) edo...: é
(20:51) #Lílian: pra mim arte só é plausivel de admiração quando inovadora
odeio pastiche
praxe
e regras
(20:52) #Lílian: meu unico objetivo de vida é estar sempre na contra-mão
(20:52) edo...: e eu odeio a palavra pastiche, porque não tem harmonia
sonora
(20:52) #Lílian: parece algo não-brasileiro
(20:52) edo...: o meu é sair da estrada
(20:52) #Lílian: gosto da estrada
desde que eu esteja na contra-mão e pedindo carona
(20:53) edo...: harmonia é como olhar para uma paisagem de montanhas bem
redondas e verdes com a brisa batendo
(20:54) edo...: e não é uma imagem de liberdade?
(20:54) #Lílian: gosto de ver sentido nas coisas
mesmo que o sentido seja pessoal
(20:54) #Lílian: eu li nesta curta-viagem à viçosa
(20:54) #Lílian: algo em espanhol (não vou saber escrever como estava, nem
vou arriscar o meu destreinado espanhol) que dizia que "não
és louco se pelo menos uma pessoa acredita na sua razão"
(20:55) #Lílian: ou se ao menos uma pessoa vê razão naquilo que você faz...
agora a frase me foge à memória
mas é isto a essncia
e eu acho que isso é arte
é você ter uma pessoa te ouvindo
(20:55) #Lílian: enquanto você faz o contrario do que te mandam
e quando chegar no fim
com a obra pronta
todo mundo olhar e falar "ele não estava louco, estava certo"

os mais pensativos "tava na minha cara o tempo todo e só eu
não vi"
(20:56) #Lílian: por isso admiro quem faz diferente
por isso admiro seus desenhos
eles não têm a expressão que todo mundo quer que tenha
(20:57) #Lílian: todo mundo questiona a tristeza deles, as correntes e outas
coisas mais
(20:57) #Lílian: no dia que você começar a fazer desenhos felizes, eles vão
sentir falta de algo no desenho e não saberão o que é
o mesmo com musicas e textos
(20:57) #Lílian: só quando tá diferente e inovador é que ta completo
(20:58) edo...: :) boa análise
como sempre
(20:58) edo...: vc diz coisas com sentido
(20:58) edo...: e eu fico sem ter o que dizer depois

Nem me lembro mais onde eu queria chegar.
O fato é que depois de muita influência musical, literária e de tentar tornar o óbvio que penso em excêntrico usando da técnica irônica cheguei a lugar nenhum. Percebi que fugir da influência fraterna nunca me tirou de alguma influência, e que no fim temos o mesmo gosto. Por mais que cada uma descubra separadamente, sempre concluiremos que são boas as mesmas bandas.
Então fiquem com a indicação de Lívia (ou preferem que eu indique?): Chicas.


Pazinha Azul (em outras aventuras)

Muitas vezes olhava para um animal ou uma planta e perguntava-se àquele/àquilo se podia pensar. Se o cachorro guardava lembranças, se antes de morrer re-assistiria toda sua vida e seria tão humana quanto baleia - a famosa do Graciliano. Outras vezes se perguntava se uma planta era capaz de sentir o carinho que lhe fazia, e se era capaz de entender o que era um carinho.
Ficava-se imaginando no corpo de outros objetos, querendo sentir-se planta, mesa, sol... Quando na verdade ele nunca tinha sentido-se homem, humano. Não possuía nenhuma pazinha azul, nem tinha boas recordações, vivia a buscar a natureza, sem instinto filosófico, religioso ou qualquer forma de felicidade, mesmo que enrustida.

Numa tarde destas, sem saber se era outono ou inverno resolveu sair para caçar insetos. Aos passos curtos se afastou da civilização, com sua câmera conseguia precisas imagens de joaninhas, borboletas, flores e sombras de coisas que ele nunca viria a ser.
Resolveu desviar o caminho da estrada de terra e seguir into the wild procurou entender algum tipo de lógica ou organização no crescimento daqueles raminhos de mato à beira da trilha que seguia. Depois do fim da bateria da câmera resolveu deitar lá perto do sol.
Ele não entendia porque, mas sabia que estava mais perto do sol que lá atrás. Então esparramou-se pelo chão empoeirado e ficou esperando o sol se pôr enquanto se atreviam as primeiras estrelas. Vigiava o céu esperando por cada estrela, "aquela ali surgiu agora", "nossa surgiu outra enquanto eu olhava pra lá" e o sol já estava tão longe dele, que não clareava mais.
Encheu os pulmões de ar e soltou devagarzinho, cansando-se da profissão de dono das estrelas. Pensou como gostaria de ser um pequeno príncipe e remoer três vulcõezinhos todos os dias, ou ter uma plantinha só dele para cuidar. Encheu os pulmões outra vez.
Sentiu um coração batendo tão longe que se não prestasse muita atenção não conseguia ouvi-lo. Abriu os braços e as pernas, como se fizesse um anjo de poeira (neve) e sentiu cada contorno do seu corpo. Os pés, os dedos, a poeira incrustada no cabelo, os olhos a piscarem, os cílios a quase imperceptivelmente tampando um pedaço de visão, a pele seca e rachando de frio.
Sentiu-se homem. Sentiu-se humano. E percebeu que só agora sabia o que era se sentir algo. Imaginou se as borboletas, as ovelhas, as plantas e os animais sabiam que eram o que eram. Se já tinham se sentido, ou se ele era o primeiro no mundo. Se era do instinto que todos soubessem, se era o último do mundo.
E o sol, que tanto se afastou. Parecia aquecer agora dentro dele. E já não lhe cabia mais aquela história de que o sol nasce no Japão, a não ser que cada pessoa fosse um japão particular. E tirou do bolso a pazinha azul.

Irreal

Faz um tempo que ando incomodada com a definição de realidade, mal me importa o que o Aurélio tem a me dizer. Depois que comecei a aprofundar meus estudos sobre Krishna ou Hare Krishnas percebi que a imaginação é a maior realidade que pode existir.
E não há uma realidade. Há realidade. Vivendo no mesmo espaço e mesmo local, uma cena simples tem infinitas realidades.
Um velho barbudo sentado à mesa de um bar olha para o menino que serve sua cachaça de hora em meia. A sua realidade é a de cliente, a de velho barbudo, a de tonto, a de superior, a de chato da mesa ao lado. Vê o menino como seu empregado, mais tarde como ladrão e não pagará os 10%.
O menino vê o velho como um problema pra mais tarde, como cliente, como homem sem banho. E se vê como superior.
Alguém entendeu?
Qual a realidade quando você come seu hamburguer e uma criança na áfrica diz o último adeus a mãe por fome? O contraste é a realidade? Então qual o contraste entre eu estar aqui escrevendo, e alguém estar apertando o botão da TV? E qual a realidade comum? Uma tela? Mas tela é realidade?
Realidade não existe (ponto).
Estou confusa debatendo trilhões de temas. Outro dia termino o raciocínio.

Ninguém quer ver o lado certo
De quem faz tudo errado
E nem lhes importa
Se seu erro
Foi um acerto pessoal
E se um dia
Voltares atrás
Não explique
O que é acerto pessoal
Porque é difícil entender
Tudo que é casual

[lixo]

Oi

Depois da breve experiência com o Twitter descobri o Tumblr. Do mesmo "criador/dono/cara/empresa/site" que o Twitter e o Wordpress. É um lugar que eu deveria fazer um blog. Mas fiz um twitter II. Tipo é mais fácil postar músicas, videos e fotos que qualquer outro lugar e tenho dito.
Então fiz quase que um blog mais-que-pessoal. Tipo: "Reclamações de uma vida irreclamável" ? Tá, menos. Enfim... fiz uma porra dessas. Não sei pra que serve nem quem tem. Sei que vou ficar reclamando da vida por lá. Eu acho que ninguém lê o que tá escrito lá, então não vou ligar de falar o que realmente acho. Q
Mentira também, foi só pra atrair gente.
Oh. O negócio é entrar em tumblr.com e criar o seu. Depois acessa http://lilianalcantara.tumblr.com/ e clica lá no canto onde vai ter algo como Follow e um "+" ai clica lá e vai receber o dia todo o que eu escrever. Isso não é inútil?
Então beijos fui.
Continuarei sem escrever até passar meus estresses.
E o Inter é muito pau no cu e perdeu pro curingão.
Ainda bem que não teve aula hoje. Porque suportar curintiano gritando "timão" na minha cabeça e secando o jogo do Cruzeiro de hoje a noite com o Graymio não ia ser legal.
No mais, sem menos.

Pesquisa

04/08/2009

No final de 2007 eu perdia o sono semanalmente pensando em algum texto. O cansaço físico me impedia levantar da cama para anotar os poemas, textos e frases que vinham à cabeça. Criei então o Segundo Lílian, em Junho de 2008. Postando anotações feitas na madrugada, sonhos rememorados na manhã seguinte, inspirações do meio do sono vespertino. Sem habilidade de escrita tive um blog trágico, perdi meus leitores e a vontade de escrever.
No final daquele ano resolvi criar o Insônia Registrada. Já que todos meus textos eram decididos durante a insônia, ou me tiravam o sono. Era um novo blog, pensado diferente, com novo tema, nova forma de escrita, novo visual - que já foi modificado uma dezena de vezes - além de agora um período de vida bem mais traduzível em letras.
Hoje, o blog já virou um vício. Textos, links, vídeos, descobertas, lembranças... tudo vem pra cá. Tirando o sono de quem lê também. Tamanho vício me levou a criar um blog de esportes, um de filme, participar brevemente de um blog de humor e me fez até perder a vergonha do Segundo Lílian.
Porque segundo Lílian, a insônia será registrada.