03:52 - 25/12 - adoro natal [/ironia]
Desde que vi aquele cara falando "estamos procurando a todo momento sentido nas coisas, sentido em viver, sentido em tudo... e as coisas quase nunca fazem sentido (...) temos é um excesso de imagem, todas querendo nos vender algo, se pudéssemos ver só o que fosse marcante, o que fosse pra ver(...)".
Sim, se pudéssemos ver só o importante, e ficássemos cegos o resto do tempo... correria o risco de algum segundo fazer sentido. (um estrondo, deve ser foguete)
Que sentido tem essa minha vontade de fazer as coisas que passam pela minha cabeça? Me sinto infantil pensando isto, tudo bem: EU SOU infantil.
E talvez, se a pessoa mais importante... não familiar, não profissionalmente. Mas o diário ambulante, aquela pessoa pra quem você conta seus sentimentos ocultos, que você insiste em esconder até pra você mesmo. Se esta pessoa sumisse, deixasse de existir... tudo tornaria um tédio e você não teria a quem contar nada, nem faria força pra ter o que contar. E num dia qualquer de outono, ia sair pra comprar um sorvete de duas bolas, uma de coco e uma de morango. E você não gosta de sorvete de coco com morango, coco é enjoativo, morango só com calda de chocolate. Mas não tem calda de chocolate, é só sorvete de coco com morango. Depois de tomar o sorvete pensando essas coisas ridículas que a gente pensa quando não tem o que pensar, você limpa com todo cuidado do mundo a pazinha azul do sorvete, limpa no guardanapo, na barra da camisa... tira uma caneta de cima do balcão da sorveteria, anota seu nome, a data e guarda a pazinha dentro da carteira. Agora, por mais lúdico que seja, sua vida faz um sentido. E aquela pazinha significará tudo pra você, todos os verbos que você praticar.
Até seu último dia de vida, não se cansará de olhar pra pazinha azul e chorar coisas que você não entende, levará ao túmulo, se não tem a pessoa pra quem contar seus segredos, tem uma pá pra enterrá-los, enterrá-los todos.
Você volta pra casa, satisfeito com o sorvete. Entra no banheiro pra chorar, não mora ninguém com você, mas precisa se esconder do resto da casa. O banheiro parece perfeito, sempre é. Quando vai sair a chave quebra na fechadura, impossível sair. Tira o celular do bolso, liga para o chaveiro, são três da madrugada. O chaveiro enrola muito antes de vir, às cinco horas ele consegue entrar na sua casa e abre a porta do seu banheiro. Com muito sono e preguiça você lança um sorriso de agradecimento, e vai pegando a carteira pra pagar o chaveiro. Sorrindo também ele diz:
_ Se soubesse que tinha um sorriso tão lindo, eu teria vindo antes.
Agora você tem mais um sentido na sua vida, todos os dias sorrirá para o espelho, e acreditará que seu sorriso pode resolver problemas. Você pode solucionar o mundo e acredita nisto.
No dia seguinte, quando acorda bem tarde resolve abrir a caixa de correios, e num fluxo perfeito. Certamente com a melhor fotografia de um cinema polonês, você descobre um bilhetinho amarelo, letras prateadas e arredondadas.
Eu te amo mas quero que continue a me odiar. Apenas estou cumprindo com o que lhe prometi. Fim:
Como assim? Fim e dois pontos? Isto indica que tem continuação? Que tem observação? Esqueceu de escrever o resto? Era um ponto e o outro foi sem querer? Dois pontos? Dois pontos?
A pazinha! Você recolhe ela do seu bolso, olha-a fixamente. Uma lágrima escorre: pra você faz sentido.
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