Uma pequena roda de despedida, amigos que o vento decide separá-los e o tempo empurra. A mesinha de centro oferece algum doce e uma bebida fraca batida com outros ingredientes. De um lado, com a cabeça encostada no sofá e a barba notoriamente por fazer o mais descabido dos cinco, à sua diagonal a menina dos seus sonhos com um copo na não, deitado ao colo da menina um outro amigo, tão amigo de todos que o apelidaram de irmão. Aos pés deste, outra menina, o que os junta, sem ela não teriam conhecido um ao outro, ou pelo menos não teriam criado tamanho vínculo. Um pouco mais longe ouvindo Jazz em seu MP5, com camiseta branca e braços tatuados o quinto amigo.
Ao longo de um ano, um pouco mais, um pouco menos... dividiram juntos todos os livros que descobriram, músicas e principalmente analisaram um ao outro, paralelamente o tempo que passava. Um filme roda no DVD, ninguém consegue prestar atenção no idioma russo que ecoa pela sala.
_ Quanto tempo? - o barbudinho interrompe o silêncio - Digo, que estamos aqui.
O MP5 é desligado, como que combinado todos levantam da sala e caminham para a sacada, passos largos e rápidos em busca do melhor lugar na rede. A canil vizinhança pressente algo e começa a latir, como uma competição de qual cachorro late mais alto todos latidos ecoam de encontro com o idioma russo da tv.
_ Eu diria que tenho um estilo meio hippie assim, sou vegetariando, gosto de animais, de estrada, história, comunismo, não faço a barba...ops, mas tomo banho - risadas lentas - o cara lá é El Loco, o cara gosta de Jazz, só usa camiseta vermelha, filme de terror e estas calças largas. - pausa pra observar 'o mano'- este outro chato aqui - apontou pro que antes estava deitado, e agora estava sentado aos seus pés - este aqui, deixa eu pensar... é conquistador né? Fica ai ganhando carinho das meninas, íntimo de todas, escuta uns rock, cara cult, lê muito... - olhou pras duas meninas se entreolhando na rede e fez um pouco de espectativa - o que vocês acham delas?
_ Acho gente fina, olha vou falar aqui desta de cá - e pegou no pé da primeira - gatiiiinha que só, animadona, engraçada, gosta de brigadeiro, pipoca e sonha em ir pra Suiça. Agora a outra? Conheço muito, mas não sei o que falar, gatinha também, claro. - o olhou pra outra pessoa completar.
_ Ela tem um estilo não nomeável né? - comentou um - Algo do tipo...
_ Alternativo, meu estilo é alternativo...- pausa - eu vou alternando entre um e outro.
_ Principalmente quando falamos de música, né?
A chuva os tirou da varanda, da casa. Em abraços concluiram a despedida.
Dois ou três dias depois, a menina "do estilo alternativo" recebe um telefonema, quase anônimo:
_ Qual a trilha sonora de hoje? - e a chuva voltou a cair.
5 comentários:
Meu Deus, que conto elegante! Adorei!!!
Sabia que seus textos dão vertigem ás vezes ?
Neste ao menos, eu tive aquela sensação de mundo tombando para o lado... ...ou será que estou com labirintite?
Ficou legal. Isso que é uma descrição eficiente de uma cena...
edo...
Olá! Cheguei ao teu blog através da pag. do Carpinejar. Puxa, gostei do teu jeito de escrever... Vou ler teus escritos mais vezes, podes ter certeza! Sou gaúcho, de Ijuí, e escrevo (de preferência, no momento) para crianças. O endereço é: www.tecopoetasonhador.blogspot.com. Abraços!
Quando eu vi o contador no 909... ...não sei porquê entrei em pânico pensando: Eu tenho que ser o visitante nº 1000 !! Eu tenho que ser o visitante nº 1000 !!
Corri, sai, entrei novamente... ...e o marcador marcou 910, e foi só aí que eu lembrei que depois do 909, vem o 910... ...passou o pânico, vêio a decepção comigo mesmo.
...eu era mais inteligente antes...
edo...
Gostei bastante.
Abraços d´ASSIMETRIA DO PERFEITO
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