Depoimento de um coveiro

_ É, no ínicio eu até que tinha medo, não é medo... é que é estranho enterrar gente todo dia, você vai começando a ver vida naquelas pessoas, eu não nasci pra ser coveiro não... tem que ter o coração muito duro, tem que ter (...) Teve um dia que sentei numa tumba destas aí e me achei meio morto, não sei. Era estranho eu não tinha vontade de sair do sol, de ir pra casa, eu olhava assim, eu me sentia em casa, né?
Ah mais ai chegou um defunto pra gente enterrar, nem família o cara tinha, era só cavar e jogar ele lá dentro, sem sentimento nenhum. Eu levantei mais que depressa, reanimei né? A gente sente até estranho, parece que gosta do que faz, é feio falar que gosta de enterrar gente né? Aí, eu mais meu amigo ali, enterramo o defunto e naquele dia acho que enterrei minha alma junto...


2 comentários:

Anônimo 28 de fevereiro de 2009 às 12:22  

Quando minha tia morreu, fomos eu e minha familia para o velório em Ipatinga e posterior enterro, em Mesquita. No cemitério descobrimos que o coveiro estava atrazado com a cova, que ainda não estava pronta quando o corpo chegou... ...minha tia teve que esperar pra ser sepultada.
Mas o detalhe dessa história não é isso, e sim o fato de que o coveiro tinha ajudantes, a esposa e a filha, um moça bonita, de 17 ou 18 anos. Ali, a morte era um assunto de família mesmo...

Apague esse comentário depois... ...não combina com seu texto.

edo...

Bruno de Abreu 1 de março de 2009 às 22:27  

muito do poeta, esse coveiro

veuriveuriguud, brod

sério, tá demais!

Pesquisa

04/08/2009

No final de 2007 eu perdia o sono semanalmente pensando em algum texto. O cansaço físico me impedia levantar da cama para anotar os poemas, textos e frases que vinham à cabeça. Criei então o Segundo Lílian, em Junho de 2008. Postando anotações feitas na madrugada, sonhos rememorados na manhã seguinte, inspirações do meio do sono vespertino. Sem habilidade de escrita tive um blog trágico, perdi meus leitores e a vontade de escrever.
No final daquele ano resolvi criar o Insônia Registrada. Já que todos meus textos eram decididos durante a insônia, ou me tiravam o sono. Era um novo blog, pensado diferente, com novo tema, nova forma de escrita, novo visual - que já foi modificado uma dezena de vezes - além de agora um período de vida bem mais traduzível em letras.
Hoje, o blog já virou um vício. Textos, links, vídeos, descobertas, lembranças... tudo vem pra cá. Tirando o sono de quem lê também. Tamanho vício me levou a criar um blog de esportes, um de filme, participar brevemente de um blog de humor e me fez até perder a vergonha do Segundo Lílian.
Porque segundo Lílian, a insônia será registrada.