Anos 90

A fita dos Mamonas Assassinas girava seu lado A no aparelho de som, uma dúzia de cachinhos balançava pra cá e pra lá sentada sobre a mesa acompanhando com os lábios todas as músicas, prevendo a ordem das. Um papel rabiscado com cara de cavalo, corpo de camelo, rabo de boi e patas de elefante era a explicação ao pai sobre o que devia ser o murilo abandonado da música do Netinho.
Na lixeira duas latas de mini-leite condensado. No peso da memória um acidente ocorrido dias antes. E os dedos cruzados esperando 0,25 centavos por gol que o Cruzeiro marcasse naquela Libertadores de 97. Inesquecível!
No segundo andar daquela casa guardava-se folhas e mais folhas de cartas de três linhas que de modo geral sempre diziam a mesma coisa. Aliás, os dois andares eram separados por grades e portões na escada com o simples intuito e nunca deixar aqueles cachinhos aloirados se lambusarem se sangue de uma - talvez - testa com quatro ou cinco pontos.
Mal sabiam eles que quando retirassem as grades o pedacinho de gente que tanto se fazia onipresente nos cômodos daquela casa se multiplicaria por três e ocuparia os dois andares e o terraço engatinhando com seus 4 sapatos, ou melhor com quatro sapatos de seus pais.
Na tv o Pernalonga ensinava um pouco mais de travessuras e esperteza. Anos mais tarde seis das 24 horas de Pernalonga seriam gravadas no seu aniversário de 40 anos. E ela nunca ia entender como aquele coelhinho tinha 40 anos, a idade de seu pai. É verdade, a idade de seu pai. Agora sim, fez sentido!
No bolso do pai o chiclete preto, nunca visto em outras décadas - nem mesmo nas próximas.
Os fins de semana reservados à aprender novos jogos de baralho, fazer compras no 1,99, visitar a padaria e comprar revistinhas em quadrinho com os saldos de saldos de gols do Cruzeiro, mal sabendo que anos depois seguraria por mais sabe-se quantos anos arfado no peito o grito de tricampeão. Maldito século novo!

3 comentários:

Anônimo 7 de dezembro de 2009 às 09:16  

Não sei se meus comentários ainda tem algum valor... ...mas legal saber que aprendeste a arte de fazer arte com o mestre nesta arte, Sir Pernalonga. O melhor de todos nesta área.

edo...

Bruno de Abreu 7 de dezembro de 2009 às 22:23  

gostei! eu vivi umas coisas assim.mas eu lucrava de forma honesta, desenhando. já você era na pura sorte. ahsush lembro tb da música do netinho. a minha avó achava que eu gostava tanto que me deu o cd... mas desde aquela época nunca prestei muita atenção nas letras, de modo que moinho ou murilo abandonado tanto fazia.

lílian, eu NÃO DEIXO vc largar o twitter... vc é a twittadora mais criativa e humoristicamente inteligente que tem. vc tem o poder de mudar vidas sabia?); um absurdo você sem twitter

Anônimo 9 de dezembro de 2009 às 15:49  

E tudo que era falta virou dor...

Pesquisa

04/08/2009

No final de 2007 eu perdia o sono semanalmente pensando em algum texto. O cansaço físico me impedia levantar da cama para anotar os poemas, textos e frases que vinham à cabeça. Criei então o Segundo Lílian, em Junho de 2008. Postando anotações feitas na madrugada, sonhos rememorados na manhã seguinte, inspirações do meio do sono vespertino. Sem habilidade de escrita tive um blog trágico, perdi meus leitores e a vontade de escrever.
No final daquele ano resolvi criar o Insônia Registrada. Já que todos meus textos eram decididos durante a insônia, ou me tiravam o sono. Era um novo blog, pensado diferente, com novo tema, nova forma de escrita, novo visual - que já foi modificado uma dezena de vezes - além de agora um período de vida bem mais traduzível em letras.
Hoje, o blog já virou um vício. Textos, links, vídeos, descobertas, lembranças... tudo vem pra cá. Tirando o sono de quem lê também. Tamanho vício me levou a criar um blog de esportes, um de filme, participar brevemente de um blog de humor e me fez até perder a vergonha do Segundo Lílian.
Porque segundo Lílian, a insônia será registrada.