Cronologicamente inviável

Aos poucos ela começou a dominar o próprio corpo, a própria mente. Usar 100% do cérebro deveria ser conseguir ser seu analista e você no mesmo segundo, pensar em futebol e conseguir explicar porque você pensa em futebol e não na sua família que tá longe. É que futebol está dentro de você como só você pode explicar. A partir do ponto que seus pensamentos e o que você consegue fazer com ele torna-se inverbalizável ou bíblico quer dizer que você está usando sua capacidade de raciocínio. Ou não!
Ela só percebeu que inventava personagens quando se tornou um deles. Sentada num banco de madeira do lado de uma gritaria qualquer ela proferia idéias bêbadas sem nem usar alcóol ou drogas. Simplesmente conseguia enganar seu cérebro pra que ficasse bêbada sem estourar os neurônios. E se sentia bem assim. O problema de usar os dois lados do cérebro ao mesmo tempo era que apesar de não acompanhar o próprio raciocínio e falar tudo numa ordem cronologicamente inviável ela ainda sabia que estava lúcida, o que queria conseguir falando aquilo e como não ia conseguir.
Então equilibrou-se no meio fio e de braços abertos foi pra casa provando que lucidez em excesso é mais que loucura. Bem mais, bem pior, talvez.

1 comentários:

Márcio Ahimsa 24 de dezembro de 2009 às 15:24  

...corre o tempo como um vento, em todo lugar há um mar, seja de água e espaço, no mesmo instante eu vejo futuro, vejo bruto e irreal o passado, vejo molhado de sal o gelo voraz desse presente. corre o tempo, corre agora como sem limite como um raio teimoso de sol a invadir minha janela pela fresta do viver... agora corre o tempo, corre lento e célere, corre como martelo, sino do fim, pino pregado no solo, tábua angustiada dessa labuta de vida... agora, Lílian, corre em mim a palavra e o verbo, corre, mas não vai, mas não fica, corre absurdamente para dentro de mim, corre como tálamos nesse bálsamo de sentir... agora o tempo é um livro aberto de páginas em branco, é um infinito que não cabe na palma da minha mão, mas cabe dentro do meu pensamento... e a palavra está nua, a poesia está vestida de segundos, está vestida de poeira e pó...


Beijos, querida. Quero dizer que foi muito importante tê-la em minhas palavras nesses instantes infindos.


Boas festas.

Pesquisa

04/08/2009

No final de 2007 eu perdia o sono semanalmente pensando em algum texto. O cansaço físico me impedia levantar da cama para anotar os poemas, textos e frases que vinham à cabeça. Criei então o Segundo Lílian, em Junho de 2008. Postando anotações feitas na madrugada, sonhos rememorados na manhã seguinte, inspirações do meio do sono vespertino. Sem habilidade de escrita tive um blog trágico, perdi meus leitores e a vontade de escrever.
No final daquele ano resolvi criar o Insônia Registrada. Já que todos meus textos eram decididos durante a insônia, ou me tiravam o sono. Era um novo blog, pensado diferente, com novo tema, nova forma de escrita, novo visual - que já foi modificado uma dezena de vezes - além de agora um período de vida bem mais traduzível em letras.
Hoje, o blog já virou um vício. Textos, links, vídeos, descobertas, lembranças... tudo vem pra cá. Tirando o sono de quem lê também. Tamanho vício me levou a criar um blog de esportes, um de filme, participar brevemente de um blog de humor e me fez até perder a vergonha do Segundo Lílian.
Porque segundo Lílian, a insônia será registrada.