Diogo

Uma ou duas semanas se passaram sob o pesar da dor da morte de minha mãe, eu sabia que aquela comida mal feita não era a dela, mas o tempo todo não me dei conta que ela não estava simplesmente doente. Muitos anos depois só me dei conta de uma coisa, por mais ausente que ela estivesse foi sempre minha mãe, e por mais presente que ele fosse nunca tive um pai. De onde vem este tipo de sentimento?
Sai de casa sem a latinha de birosca confiante em mim sai com 5 biroscas e prometi pras paredes voltar com uma lata delas.
Enquanto eu jogava o Tatu narrava como se fossem partidas de futebol:
_ De um lado pesando uma lata de biroscas Tuí, do outro com apenas 5 Biroscas Dioooogo oooo birosca, campeão mundial duas veze...
_ Cala a boca!
Tec, tec, te-tetetete-c..
Ganhei mais três:
_ Já estou com oito biroscas, faleiq ue era meu dia de sorte.
_ Calma malandrinho, hoje eu acordei com o pé direito e cuspe na testa.
_ Cuspe na testa?
_ É um rito meu...
Tatu gargalhava:
E com a cara cuspida lá Tuí vai com sua birosca azul escuro ...
_ Já não mandei calar a boca?
O que importa esta história de cuspir no dedo polegar e fazer um X na testa pra dar sorte? A história que quero contar é um pouco mais à frente, depois de perder tudo no jogo fui pra casa como fazia todos os dias:
_ Toninho, o céu da vermelho acho que vai fazer frio amanhã.
_ Vai sim.
_ Toninho...
_ Oi
_ Eu to com medo de ir pra casa...
_ O que?
_ Uma sensação ruim...
_ O Dirceu andou te falando algo???
_ Não, o que?
_ Não sei, você se sente irmão dos nossos irmãos?
_ Eles não são nossos irmãos.
_ Então a gente vai embora amanhã.
_ Vamos pra onde?
_ Leva cobertor que vai fazer frio.

2 comentários:

Anônimo 12 de dezembro de 2009 às 08:30  

Sabe aquelas transparentes que tem umas faixinhas coloridas dentro ? Foi da única que tive. Nunca soube jogar esse trem direito, mas meus primos de Caratinga tinham latas e latas das azuis e verdes.

edo...

Bruno de Abreu 15 de dezembro de 2009 às 23:50  

eu não sei se esse texto me lembra algum filme ou tá mesmo cinematográfico.

mas a melhor parte começa no próximo texto...

Pesquisa

04/08/2009

No final de 2007 eu perdia o sono semanalmente pensando em algum texto. O cansaço físico me impedia levantar da cama para anotar os poemas, textos e frases que vinham à cabeça. Criei então o Segundo Lílian, em Junho de 2008. Postando anotações feitas na madrugada, sonhos rememorados na manhã seguinte, inspirações do meio do sono vespertino. Sem habilidade de escrita tive um blog trágico, perdi meus leitores e a vontade de escrever.
No final daquele ano resolvi criar o Insônia Registrada. Já que todos meus textos eram decididos durante a insônia, ou me tiravam o sono. Era um novo blog, pensado diferente, com novo tema, nova forma de escrita, novo visual - que já foi modificado uma dezena de vezes - além de agora um período de vida bem mais traduzível em letras.
Hoje, o blog já virou um vício. Textos, links, vídeos, descobertas, lembranças... tudo vem pra cá. Tirando o sono de quem lê também. Tamanho vício me levou a criar um blog de esportes, um de filme, participar brevemente de um blog de humor e me fez até perder a vergonha do Segundo Lílian.
Porque segundo Lílian, a insônia será registrada.