Não há de ser nada

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A vontade era de ler, o sono era maior. Não conseguia dormir, pensando no que tinha pra ler, não conseguia ler de tanto sono. A música lenta e a luz baixa concluíam o ambiente, os ombros necessitavam de massagem e a cabeça de descanço. Retorceu os pensamentos, fingiu não estar e abriu o álbum de fotos. Fotos antigas e as lembranças, as lembranças pareciam tão recentes.
Fotos, era disso que ela precisava - abaixou ainda mais o som - só então percebeu que não tinha uma foto padrão, comum... uma que mostrasse o rosto, que pudesse servir de perfil, ou para identificá-la em um comentário em uma revista. Assim como a Asa Branca sai do sertão na época de seca, ela saia de si mesmo, no outono, e era lua nova. 
A previsão era do pôr-do-sol às 17h e 28min, como queria subir a montanha e assistir o poente lá de cima. Desceria só no outro dia, depois da lua se pôr, depois do sol nascer. E a música gritava mais forte: "não há de ser nada porque sei que a madrugada acaba quando a lua se põe...".
Se tivesse que criar uma teoria, era de que o cérebro roda dentro da cabeça como a Terra em torno de si mesma: movimento de rotação, sem translação. Se bem... que o seus pensamentos pareciam translatar - e esta palavra existe? - entre líquidos e venonosos pensamentos.
O tempo passa e a irresponsabilidade permanece intocada, nem textos lidos, nem sono dormido, nem fotos visualizadas, também não tinha feito suas obrigações vespertinas. Ou enviado um e-mail a um velho amigo...

2 comentários:

Bruno de Abreu 3 de maio de 2009 às 23:18  

às vezes, o texto mais surpreendente é aquele que, à medida que se revela, vai me cavando um vazio e ao mesmo tempo preenchendo-o todo - uma coisa bem ingênua. complementos fazem-se desnecessários, simplesmente por que não cabem. não preciso desembaralhar nada; as linhas correm num fluxo tão natural e necessário, que comentar alguma coisa seria como analisar um "bom-dia".
são pequenas "saudações", estes textos. impregnam toda a cabeça como um sorriso.

Wilson Ossoguju 5 de maio de 2009 às 18:11  

Ei, Lílian. O Bruno aí em cima disse tudo... já havia lido o texto, mas fiquei assim tão sem saber o que dizer, que acabei nem falando que li e gostei e nem que suas teorias são as melhores. Quero dizer, disse agora =P
Até mais!

Pesquisa

04/08/2009

No final de 2007 eu perdia o sono semanalmente pensando em algum texto. O cansaço físico me impedia levantar da cama para anotar os poemas, textos e frases que vinham à cabeça. Criei então o Segundo Lílian, em Junho de 2008. Postando anotações feitas na madrugada, sonhos rememorados na manhã seguinte, inspirações do meio do sono vespertino. Sem habilidade de escrita tive um blog trágico, perdi meus leitores e a vontade de escrever.
No final daquele ano resolvi criar o Insônia Registrada. Já que todos meus textos eram decididos durante a insônia, ou me tiravam o sono. Era um novo blog, pensado diferente, com novo tema, nova forma de escrita, novo visual - que já foi modificado uma dezena de vezes - além de agora um período de vida bem mais traduzível em letras.
Hoje, o blog já virou um vício. Textos, links, vídeos, descobertas, lembranças... tudo vem pra cá. Tirando o sono de quem lê também. Tamanho vício me levou a criar um blog de esportes, um de filme, participar brevemente de um blog de humor e me fez até perder a vergonha do Segundo Lílian.
Porque segundo Lílian, a insônia será registrada.