Confissões (de um anjo e) de uma pré-adolescente

Não sei se pensei, se sonhei ou se escrevi. Talvez tenha acontecido.
Um anjo da guarda, que não soube guardar, Deus enviou-lhe à Terra pra entender por que os homens suicidavam, por que matavam por que faziam guerra. Quais eram as condições humanas? O anjo desceu em forma de humano, apaixonou-se e disse à Deus "por que nos fazes sofrer?" e Deus disse "o que eu fiz?" "tudo isso" "isso foi vocês que fizeram" "por que nos deixastes fazer?" "por que eu nunca entendi o que queriam com isto, fiquei curioso pelo fim" "a gente só queria  amor" "o que é o amor" "desce na forma de homem" e ... o resto da lembrança se apagou na minha cabeça.

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Já posso praticamente lançar um livro sobre pai, ou o meu pai. De tantos poemas, textos, crônicas e lembranças escritas sobre o assunto. Hoje publico meu primeiro poema com a palavra mãe, embora o eulírico nada combine comigo e eu nunca falaria uma coisa destas as a minha mãe.

Confissões

Mãe,
Ele falou comigo
Que quer ser mais que meu amigo
E agora eu não sei o que fazer
Mãe ele perguntou
Se eu queria o mesmo
E eu sai apressada
Sem saber o que dizer

Mãe,
Eu lhe confessei
Todos meus pecados
E ele ainda quis me aceitar
E eu não sei me entregar
E eu não sei aceitar
Todos os segredos
Que ele quer comigo compartilhar

Eu gostaria tanto
De sentir por ele
O que ele sente por mim
Mas, mãe, eu não sou assim
Eu não sei nem gostar de mim

Eu queria poder sair
Nos dias pares
De mãos dadas
E semana que vem
Pensar de novo
Na semana que passou
Mas mãe
Eu fui embora
Sem nem lhe responder

pré-adolescente este poema, não?

7 comentários:

Wilson Torres Nanini 28 de outubro de 2009 às 04:45  

Lílian, "só as mães são felizes"? Quando você fala de afeto (afeto entre dois gêneros!) algo a perturba. Mas essa confissão já é um salto em sua vida, pois promove a interação com quem ouve as nuanças de seu íntimo (eu-lírico). Acredito que a vida seja isso: interação com o nosso derredor. E acredito que a vida seja mais tempo feliz do que triste. Abraços!!!

Anônimo 28 de outubro de 2009 às 20:59  

Tem um filme, que vi faz tempo, com o Nicholas Cage. Ele não é lá um grande ator, mas a história lembra esta primeira parte. O cara é anjo, encarregado da moça, aí acontece esse negócio que vc falou e ele pede demissão no céu, desce, topa com ela, e quando tudo parece certo ela morre, e ele sobra. (de alguma forma parece)

edo...

Anônimo 28 de outubro de 2009 às 21:01  

Sobre a segunda parte, como eu disse, parece música, tem cara de música, tem formato de música.
Eu acho que pode ser uma música.

edo...

Anônimo 28 de outubro de 2009 às 21:02  

Esse serviço é uma coisa bem ingrata...

edo...

Sérgio Luz 29 de outubro de 2009 às 15:18  

hauahuahua

seu comentário auto-crítico no final transformou-a numa tragicomédia.

Lílian Alcântara 30 de outubro de 2009 às 12:15  

Wilson, não me sinto perturbada em afetos, este poema veio na minha cabeça, não escrevo poemas baseados na minha vida, quando o faço eu informo e odeio quando tentam me entender através dos meus textos, faz menos de uma semana que pensei em parar de escrever por ser muitas vezes analisadas a partir deles. Gosto de saber que alguem os lê, mas não tentem me ler através deles, obg.

John Deere 1 de novembro de 2009 às 16:38  

Liliam o filme que o "anônimo" falou com o Nicholas é fraco, o original, do Wim Wenders, chama-se "Asas do desejo" e é perfeitamente melhor do que o hollywoodiano. Pesquisa aí, vai gostar. Mas senti como ele quando li a primeira parte do poemeu, aliás, poeteu! Abraços!

Pesquisa

04/08/2009

No final de 2007 eu perdia o sono semanalmente pensando em algum texto. O cansaço físico me impedia levantar da cama para anotar os poemas, textos e frases que vinham à cabeça. Criei então o Segundo Lílian, em Junho de 2008. Postando anotações feitas na madrugada, sonhos rememorados na manhã seguinte, inspirações do meio do sono vespertino. Sem habilidade de escrita tive um blog trágico, perdi meus leitores e a vontade de escrever.
No final daquele ano resolvi criar o Insônia Registrada. Já que todos meus textos eram decididos durante a insônia, ou me tiravam o sono. Era um novo blog, pensado diferente, com novo tema, nova forma de escrita, novo visual - que já foi modificado uma dezena de vezes - além de agora um período de vida bem mais traduzível em letras.
Hoje, o blog já virou um vício. Textos, links, vídeos, descobertas, lembranças... tudo vem pra cá. Tirando o sono de quem lê também. Tamanho vício me levou a criar um blog de esportes, um de filme, participar brevemente de um blog de humor e me fez até perder a vergonha do Segundo Lílian.
Porque segundo Lílian, a insônia será registrada.