Acordei às 8:15, assustada pensando ter perdido aula e depois do pulo que dei na cama percebi que era sábado. Dei uma volta pela casa e senti falta da máquina de escrever (Penélope), outra volta e encontrei o computador ligado. Mal me lembrava que na noite anterior tinha selecionado 3,5 horas de música pra tocar enquanto dormia, talvez por isso acordei tão leve.
Apertei o play e a lista recomeçou a tocar, primeiro por Misophone, e agora Beirut, a próxima música começa Marcelo Camelo e a história termina em The Decemberist. Aos poucos a imagem da noite anterior foi se reconstituindo, se minha memória não está confundindo a ordem dos fatos tem meio Fetuccini na geladeira, duas chamadas não-atendidas no celular, três filmes baixando (ou baixados, tenho que conferir) e uma lista de bandas novas pra procurar.
- Saio neste momento pra atender a mãe. (09:45).
(10:40) Volto com a inspiração dobrada e engavetada. a constatação de que estou ficando anêmica por não comer feijão é cruel. Agora lembro que sonhei com meu caderninho de anotações, e anotei muitas coisas nele em sonho, as quais eu poderia relembrar e quem sabe tirar algo de útil.
Uma sede de leitura e novas bandas escorre pela garganta. Enfim, tiro o caderninho de cima da cama pra reler o que der tempo:
QuandoA gente se esforçaPra achar um motivoPara encontrar certa pessoaÉ um sinalAlgo vai malNão pode ser assimTão natural
Acho que este é sobre os dias que a gente procura um motivo pra ligar, pra passar na casa de um amigo, pra ir buscá-lo no fim do expediente. Se tudo tivesse bem, você não precisaria de motivos, a saudade não deve ser um grande motivo? A alegria de estar juntos, por si só?
Uns minutos se passam e eu começo a reler tudo que já escrevi, não só no caderninho, mas em cartas não enviadas, e-mails na caixa de saída, pasta de anotações... e:
As vezes acreditoQue é impossível ser felizE quase faço o que me dizEu até tento encontrar no vãoAlgo que não pareça ilusãoMas eu nunca achoE a cada diaA vida parece mais igualEu descubroNinguém é o talE é mão na rodaPé no pedalDá o fimPro meu começoE eu quase me esqueçoQue eu não seiSe eu mereçoMas eu acho que não
Agora eu gosto do poema que escrevi no Pases do ano passado. Mas posso mudar alguma coisa?
As vezes acreditoE quase entendoQue é impossível ser felizE quase faço o que me dizEu até tento encontrar no vãoAlgo que não pareça ilusãoMas eu nunca achoMas eu nunca tentoE a cada diaA vida parece mais igualEu descubroNinguém é o talE é mão na rodaPé no pedalDá o fimPro meu começoE eu quase me esqueçoQue eu não seiSe eu mereçoMas eu acho que nãoE eu quase acreditoQue é mesmo impossívelSer feliz
Encontrei outro.
Este parece que fiquei com preguiça de terminar. Mas gostei disso "acho que eu me esqueci daquilo que você pediu pra sempre eu lembrar". E pelo visto, esqueci mesmo.Quanto tempo fazEu já nem me lembro maisAcho que eu me esqueciDaquilo que você pediuPra sempre eu lembrarQuanto tempo temÉramos alguémEu, você e mais ninguémTínhamos todo o mundo
Sinto que já postei estes poemas aqui, se não todos pelo menos alguns. Mesmo assim dá-lhe retorno.
Quando acordeiCom vontade de te verE te abraçar um pouco maisPensar é bomNo tempo que passouSei, já não nos cabe maisFicar relembrando por aiMas eu acordeiCom saudades de um tempo bomE é de pensar em résQuando os olhos brilham outra vez
E se eu não expliquei da primeira vez "pensar em rés" é pensar em voltar, marcha ré. Andar atrás, repetir o passado.
Pra desfazer alguma coisa eu quebro os pratosPra refazer eu pago o patoTropeçando que eu caioE levanto, disparo como um raio
Um dia revolto? Talvez.
Quero achar mais um... só ele e termino.
Desespero é um sentimento surdoE eu quase surtoQuando vem o meuMolécula intensaPronta pra explodir
Fim. Juro!
3 comentários:
lílian! vc surpreende, hem... acho lindo isso (quis usar a mesma palavra que vc usou no comentário lá no parapeito)
já tinha desistido de arranjar definição pra vc - eu bem que tentei... mas sabe que o "Como seria?" te define razoavelmente bem - razoavelmente pq eu não sei o que vc esconde nas entrelinhas.
sobre este post... lílian, demais como vc descreve a sua noite
demais
vc já tentou transportar pra poesia? (invertendo um comentário seu). estou doido pra ver um poema seu baseado nos três primeiros parágrafos.
prometo tentar fazer o tal poema, se ficar demasiadamente ruim eu envio só pra você;
Acredita que sábado eu também acordei assutado achando que não tinha escutado o relógio despertar pra ir trabalhar(não trabalho no sábado...)?! Ai, ai...
Vou buscar esses sons que citou!
Gosto da maneira como mostra seus textos, não apenas por gostar deles, mas por de alguma maneira sentir neles uma incitação ao diálogo. Deu pra entender? =P
Ah, e vê se come um feijãozinho aí...
Postar um comentário