Centro de Belo Horizonte, um dos vários pontos de ônibus lotados da cidade. Muitas compras na mão, muita família ao redor. O caos é ali, o inferno são as grandes cidades. Tanta buzina, tanto medo, tensão. O clima era de quinta-feira apressada, muito movimento, gente querendo comprar coisas, mãe querendo uma loja, irmã querendo outra e eu querendo cama. O útilmo ônibus do dia, direto para o bairro Pirajá, voltar para casa (da tia) e dormir até a próxima quinta.
Pela minha cabeça percorriam pensamentos de liberdade, eles tendem a se agravar no meio do caos. A liberdade pra mim é sinônimo de paz. Uma música imaginária, num fone imaginário era tudo que eu tinha. Meus pés marcavam o tempo no chão querendo ter saber assuviar um melancolico ♪ No woman, no cry ♪ imaginando as três cores africanas (que alguns insistem em dizer jamaicanas) rodando em torno de mim.
Num susto surge um homem de cabelo rasta, barba por fazer, todo sujo, um cartaz na mão. Cantarolava algo que me lembrava ventania, a história de um amigo seu que foi fuzilado pela polícia. Ele só pedia paz, conciência... tudo isto que a gente vê na tv. Tudo que eu queria era ir atrás dele cantando a mesma musiquinha, que agarrou na minha cabeça pelos próximos vinte minutos (já não me lembro mais a letra).
E antes que ele sumisse na esquina com toda minha paz, pra sempre. O ônibus azul parou de forma não convidativa, mostrando cada vez mais o que é o capitalismo e suas implicações. Muita gente em torno do ônibus e mais uma manifestação esquecida.
Antes eu sonhava, agora já não durmo...
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