Quando mais nova eu desejava criatividade, tudo que eu queria era conseguir inventar algo que minha irmã ainda não tivesse pensado primeiro. Ouvir uma banda que ela não conhecesse, entrar num site que ela não soubesse que existia e participar de uma brincadeira que ela desejasse participar também.
O grande problema é que eu não tinha acesso à nada. Enquanto ela navegava pela internet no curso de computação, eu ouvia escondida as músicas da fita que ela tivesse deixado no som. E se ela tinha o CD dos Mamonas a fita abandonada ficava pra mim. Enquanto ela colecionava cartões telefonicos, eu me arriscava nas tampinhas de garrafa, depois nas latinhas de refrigerante/cerveja e por último os chaveiros. Me rendi aos cartões também, e hoje coleciono fotografias não tiradas (o que é caso para outro texto).
Foi ai que ganhamos um computador, e tudo começou a se igualar. Duas horas pra uma, duas horas pra outra. Eu passava duas horas entre bate-papo uol e o site do Cadê (eu ainda não conhecia o Google, e tive rejeição no início). Eu encontrava bandas que ninguém queria ouvir, letras de músicas que eu achava que entendia e tentava escrever coisas que acabavam virando cópia do que eu lia.
De plágio em plágio parei de plágiar os gostos da minha irmã. Comecei a tomar conceito sobre as coisas e parei de gostar do óbvio. E o óbvio pra mim era tudo que tivesse uma guitarra, uma bateria e um baixo (musicalmente falando). Das fitas rodadas naquele som preto e pesado guardei o óbvio Cazuza, e do resto descartei pra começar tudo outra vez.
Cartola pra cá, Ana Carolina pra lá, Falamansa pra lá, Pensador pra cá... Foi aí que parei de procurar o não-óbvio pra entender o que eu realmente procurava.
O grande problema é que eu não tinha acesso à nada. Enquanto ela navegava pela internet no curso de computação, eu ouvia escondida as músicas da fita que ela tivesse deixado no som. E se ela tinha o CD dos Mamonas a fita abandonada ficava pra mim. Enquanto ela colecionava cartões telefonicos, eu me arriscava nas tampinhas de garrafa, depois nas latinhas de refrigerante/cerveja e por último os chaveiros. Me rendi aos cartões também, e hoje coleciono fotografias não tiradas (o que é caso para outro texto).
Foi ai que ganhamos um computador, e tudo começou a se igualar. Duas horas pra uma, duas horas pra outra. Eu passava duas horas entre bate-papo uol e o site do Cadê (eu ainda não conhecia o Google, e tive rejeição no início). Eu encontrava bandas que ninguém queria ouvir, letras de músicas que eu achava que entendia e tentava escrever coisas que acabavam virando cópia do que eu lia.
De plágio em plágio parei de plágiar os gostos da minha irmã. Comecei a tomar conceito sobre as coisas e parei de gostar do óbvio. E o óbvio pra mim era tudo que tivesse uma guitarra, uma bateria e um baixo (musicalmente falando). Das fitas rodadas naquele som preto e pesado guardei o óbvio Cazuza, e do resto descartei pra começar tudo outra vez.
Cartola pra cá, Ana Carolina pra lá, Falamansa pra lá, Pensador pra cá... Foi aí que parei de procurar o não-óbvio pra entender o que eu realmente procurava.
(20:48) #Lílian: | não tenho este prazer que voc parece ter em musicas internacionais |
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(20:48) edo...: | acompanho esse ed sheeran a tres anos, sua evolução como cantor |
(20:48) #Lílian: | uma das poucas bandas internacionais que realmente gostei foi beirut |
(20:48) edo...: | é a harmonia |
(20:49) edo...: | harmonia, ordem no som, quem a maioria das musicas brasileiras não tem |
(20:49) #Lílian: | só gosto quando tem algo de realmente excentrico, como beirut com aquela sanfona (ou acordeon, não sei a diferença) dissociando a imagem que tenho de sanfona pra forró, sertanejo e derivados |
(20:50) edo...: | acho que tambem não concordaremos com musica tão cedo |
(20:51) #Lílian: | acho que não temos a mesma visão de arte |
(20:51) edo...: | é |
(20:51) #Lílian: | pra mim arte só é plausivel de admiração quando inovadora odeio pastiche praxe e regras |
(20:52) #Lílian: | meu unico objetivo de vida é estar sempre na contra-mão |
(20:52) edo...: | e eu odeio a palavra pastiche, porque não tem harmonia sonora |
(20:52) #Lílian: | parece algo não-brasileiro |
(20:52) edo...: | o meu é sair da estrada |
(20:52) #Lílian: | gosto da estrada desde que eu esteja na contra-mão e pedindo carona |
(20:53) edo...: | harmonia é como olhar para uma paisagem de montanhas bem redondas e verdes com a brisa batendo |
(20:54) edo...: | e não é uma imagem de liberdade? |
(20:54) #Lílian: | gosto de ver sentido nas coisas mesmo que o sentido seja pessoal |
(20:54) #Lílian: | eu li nesta curta-viagem à viçosa |
(20:54) #Lílian: | algo em espanhol (não vou saber escrever como estava, nem vou arriscar o meu destreinado espanhol) que dizia que "não és louco se pelo menos uma pessoa acredita na sua razão" |
(20:55) #Lílian: | ou se ao menos uma pessoa vê razão naquilo que você faz... agora a frase me foge à memória mas é isto a essncia e eu acho que isso é arte é você ter uma pessoa te ouvindo |
(20:55) #Lílian: | enquanto você faz o contrario do que te mandam e quando chegar no fim com a obra pronta todo mundo olhar e falar "ele não estava louco, estava certo" |
os mais pensativos "tava na minha cara o tempo todo e só eu não vi" | |
(20:56) #Lílian: | por isso admiro quem faz diferente por isso admiro seus desenhos eles não têm a expressão que todo mundo quer que tenha |
(20:57) #Lílian: | todo mundo questiona a tristeza deles, as correntes e outas coisas mais |
(20:57) #Lílian: | no dia que você começar a fazer desenhos felizes, eles vão sentir falta de algo no desenho e não saberão o que é o mesmo com musicas e textos |
(20:57) #Lílian: | só quando tá diferente e inovador é que ta completo |
(20:58) edo...: | boa análise como sempre |
(20:58) edo...: | vc diz coisas com sentido |
(20:58) edo...: | e eu fico sem ter o que dizer depois |
Nem me lembro mais onde eu queria chegar.
O fato é que depois de muita influência musical, literária e de tentar tornar o óbvio que penso em excêntrico usando da técnica irônica cheguei a lugar nenhum. Percebi que fugir da influência fraterna nunca me tirou de alguma influência, e que no fim temos o mesmo gosto. Por mais que cada uma descubra separadamente, sempre concluiremos que são boas as mesmas bandas.
Então fiquem com a indicação de Lívia (ou preferem que eu indique?): Chicas.
O fato é que depois de muita influência musical, literária e de tentar tornar o óbvio que penso em excêntrico usando da técnica irônica cheguei a lugar nenhum. Percebi que fugir da influência fraterna nunca me tirou de alguma influência, e que no fim temos o mesmo gosto. Por mais que cada uma descubra separadamente, sempre concluiremos que são boas as mesmas bandas.
Então fiquem com a indicação de Lívia (ou preferem que eu indique?): Chicas.
2 comentários:
Taí uma coisa sobre a qual poderíamos fazer um video. Nossas visões diferentes sobre a música.
Que tal ? Seriam duas contra-entrevistas, comparando nossos pontos de vista, ilustradas com imagens de lugares que cada um de nós gostamos, e a música que mais combina com estes.
Idéia que puxa outras idéias essa de fazer filmes.
Nunca te mostrei o meu curta né? De quando eu participei do "Revelando os Brasis". Não é muito bom, mas também, eu era jovem naquele tempo. Tinha o direito de errar...
Não me lembro de ter dito essas coisas...
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