Corra enquanto puder
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Cronologicamente inviável
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Dopping
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Diogo
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Canção da canção da lua
Mãe,
eu já não sou quem eu era
agora tenho a minha guerra
a minha própria luta privada
ainda oiço à canção da lua
só já não me afasta do nada
mãe
a vida é esta merda
dela só o cheiro se herda
trocamos sonhos por qualquer porcaria
canta de novo a canção da lua
enquanto não chega o dia
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Anos 90
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Sonhos
O passado raqueteando para o presente
Diogo (parte IV)
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Birosca
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A insônia será fotografada
Abraços, novidades surgirão em pouco tempo.
Aliás, quem quiser transformar "Diogo" em uma série da Globo pra passar às sextas-feiras pode ficar à vontade, quero um microapartamento em BH, Pernambuco ou Porto Alegre... e só.
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Diogo e auto-criação
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Primeira confissão de Diogo
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Abafado
Sede
e mia o gato
Incomodo
no sofá
que
sempre
me acomoda
Barulho
e mia o gato
o calor
abafa os carros
a sede
esquece o resto
Poema
e mia o gato
mas não
não sai nada
sede
e vence o calor.
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E chovia
o tempo, o vento e a chuva
Ou seria?
o tempo
o vento
e a chuva
(?)
Enquanto eu anotava surgiam outras palavras - soltas ou não - e se encaixavam ao... poema?
o tempo
o vento
e a chuva
o temporal
o vendaval
e a uva
a queda
a regra
e a puta
o homem
um lobisomem
e a chuva
Na verdade na hora eu escrevi:
o homem
um lobisomem
a música
Mas preferi trocar e deixar assim, deixar chover.
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Velhinhos me enchem de saudade
Angelina Corcino Carvalho de Alcantara e Pedro Alcântara.
Minha avó vem dos antigos pensativos, filosóficos, calmos, católicos. Família grande, de mortes precoces, família que vive muito, bisavó morreu com 99 anos, e ela – Angelina - já tem 89.
Muito elétrico o Sr. Pedro (sô Pedro) subia e descia o morro várias vezes ao dia, fazia feira, compra, conversava com os amigos, comprava presente pros netos e netas e resmungava bastante. Apesar de durão, briguento e birrento o cara era dócil, mas só quem pedia bença consegue explicar onde ficava a doçura.
Um dia caiu no quintal de casa e quebrou a perna, ficou manco por toda a vida. Daí então passou a almoçar na minha casa. Sempre chegava com uma sacolinha de manga e nunca deixava me limparem os braços, porque manga sem lambusar o cutuvelo é uma fruta qualquer, menos manga.
Fui bem mimada pelo vô e suas mangas. Suas piadas. Seus sorrisos. Seus óculos de grau escuros e seu colo. Quando penso em meu avô não me vem dia de chuva na cabeça. Vem sol, seu grande quintal, as mudas de café, as mangas na sacola, os almoços em família. E só de pensar que tudo isso morreu junto com suas doenças e complicações dá medo de continuar.
Mas só do outro lado da família eu encontrava um pé de manga. Por mais que eu insistisse sempre que deviam plantar uma mangueira no quintal do vô, meu pai não me convencia que não era tão simples assim e que ia demorar pra crescer, então eu chupava as mangas no outro lado da família e guardava o caroço no bolso pra mostrar pro meu avô – mas perdia antes de faze-lo, é claro.
Pela primeira vez na vida sonhei com minha avó. Tive medo dela levar o que ainda resta da família embora. Abracei-a por muito tempo no sonho, e tive vontade de chorar. Acordei com o nariz incomodando. Senti falta do meu avô.
Lembro como eu fiquei triste quando ele morreu, como eu chorava na escola e me sentia culpada de alguma forma por não ter acompanhado tanto ele no fim da vida. Quando caducou e já nem sabia que seu açougue sumira bem antes que eu nascesse, e às vezes pedia meu pai pra prender o boi que fugiu da cerca, aliás quando ele morreu a cerca tava quebrada.
Velhinhos na minha vida são poucos, não conheci meus avós maternos – mas choro quando falo da minha avó materna – tive uma avó adotiva Vó Nora, meus avós dos quais falo, o sô Malvino – da minha rua e não to lembrando de ninguém mais. O Malvino era o que trazia jabuticaba pra mim toda vez que tinha e também morreu levando seus olhos azuis, sua calçada playground e o ar de mistério que sua casa me trazia.
Foi pensando nisto que escrevi um poeminha agora de madrugada, meu primeiro poema naquele formato do Bruno e da Alice.
Do pé de manga
no morro do sítio
sinto falta
do meu avô
E do de jabuticaba
falta de alguém
pra dividir
as frutas cor-de-olhos
Lá no fundo
do mar
que não tem
aqui
uma concha me espera
Algo
- sem saber -
me expulsa de casa
é que
minha mãe diz
que não tem pé de conchinhas
a solução
então
é catar
manga com jabuticaba
na beira-mar
Dois dados (de seis lados cada um):
- Na foto, meus avós paternos. Meu avô - com Alzheimer - já não reconhecia minha avó, que receiosa preferiu não se apresentar.
- Sinto saudades precipitadas da minha avó.
Confissões (de um anjo e) de uma pré-adolescente
Ele falou comigo
Que quer ser mais que meu amigo
E agora eu não sei o que fazer
Mãe ele perguntou
Se eu queria o mesmo
E eu sai apressada
Sem saber o que dizer
Mãe,
Eu lhe confessei
Todos meus pecados
E ele ainda quis me aceitar
E eu não sei me entregar
E eu não sei aceitar
Todos os segredos
Que ele quer comigo compartilhar
Eu gostaria tanto
De sentir por ele
O que ele sente por mim
Mas, mãe, eu não sou assim
Eu não sei nem gostar de mim
Eu queria poder sair
Nos dias pares
De mãos dadas
E semana que vem
Pensar de novo
Na semana que passou
Mas mãe
Eu fui embora
Sem nem lhe responder
Flying Kebab
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Quando Deus foi julgado
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Monossílabo que abre o Kadabra
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Sem direção
E amanhã
O que vai ser de você
Quando acordar
Uniformizada e sem destino
Vai seguindo a direção
Sem caminho
E um pergaminho
Um mapa em questão
Correndo risco de vida
De ficar viva
Que perigo a sua direção
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Presságio
Tornará-te alegre, feliz como as outras pessoas.
Como as pessoas normais.
Porém.
Sua alegria, sua felicidade...
será sem porquê.
Apenas artificial, elaborado pelas tarjas pretas.
O preto da inelicidade.
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Câmera, luz, postando...
Um vazio pesado
Foi tudo que pude sentir
Naquele momento
E pro resto da vida
___________________
No tempo do era
Não consigo entender sozinho
Por que apostei neste jogo
meu próprio ninho?
Hoje é o fim do tempo
Que eu tinha pra voltar atrás
Agora que hipotequei minha'lma
Pro satanás
Eu vou tirar meu corpo desta
E me lançar de frente
Pro que sozinho não consigo entender
Quando apostei nessa
Eu tive muito medo de perder
Mas só quando perdi
Que pude perceber
Mais que meu ninho era você
___________________
Às vezes é preciso dar um breake. No meio do jogo, 3 segundos é um gol, ou um impedimento.
• Então, vou indicar hoje um blog sobre os movimentos sociais da Zona da Mata. Por Elder, Lívia e Thais: Bangalô de Flores.
E apresento também meu novo blog, junto com a bina. O apomixia é um blog mostrando nossa visão assexual do mundo, melhor entrar lá pra entender.
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Três anos depois
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Dez minutos
Ele olhava pra pipa, depois pra sua mão. Se imaginava com um carretel e ... aos poucos foi se lembrando de um tempo distante, quando ele e seu pai saíam para caçar gambás à noite. Estava ali entre o revolver em sua mão e a estrada que passava às suas costas.
Pensava em se matar, acabar com tudo. Suas memórias estariam perdidas para sempre, não teria filhos para ensinar a caçar gambás, ou empinar pipas. Nunca mais veria cena igual àquela. O sol no poente transformando em sombra toda a paisagem. E o pinheiro ao seu lado.
Engolia seco. Começou a chorar e rir sem entender o motivo, queria um abraço, um soco. Era tanta coisa se misturando, tanta alegria, tanta tristeza. Tudo que já passara na vida, que demorara pra se desprender, agora se passavam de novo. Enfiou-se o revolver pela lateral da cabeça, respirou fundo e ameaçou puxar o gatilho. Quando uma voz - que não era grito – interrompeu-o.
_ O que há de não finito pra se acabar agora?
Ele nem sabia como responder, nem mesmo entendeu o que lhe foi perguntado. Chorou um pouco mais e abaixou a cabeça – e a arma.
_ Você tem 10 minutos pra me fazer sorrir, rir, gargalhar. O que for. Dez minutos, se conseguir a arma é sua.
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Cães farejando a outra dimensão
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As Rosas Não Falam
Bate outra vez
Com esperanças o meu coração
Pois já vai terminando o verão,
Enfim
Com a certeza que devo chorar
Pois bem sei que não queres voltar
Para mim
Mas que bobagem
As rosas não falam
Simplesmente as rosas exalam
O perfume que roubam de ti, ai
Para ver os meus olhos tristonhos
E, quem sabe, sonhavas meus sonhos
Por fim
É um pouco raro encontrar Lílian's por aí.
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Não sei se aqui atinjo nem metade das pessoas que me mandam e-mails... Enfim, a yahoo e meu computador estão num processo amargo de divórcio, portanto é mais confiável enviar e-mail para: lilian_alcantara92@hotmail.com
até segunda ordem...
Obrigada pela compreensão.
Só mais um post
Já era bem tarde quando fui acionada por uma ex-aluna de redação. Além de fazer perguntas sobre como eu ia depois de tanto tempo sem nos ver ela queria saber o que era uma "dissertação subjetiva". Tentei explicar, mas acabei me complicando. Aliás, eu também tinha um pouco de dúvida à respeito.
Um Woodstock pentacampeão
Era pra ser mais um show de rock, com um monte de hippies assistindo e entrar no esquecimento depois de três semanas de jornal. Mas o Woodstock estrapolou todas as barreiras previstas e programado pra receber 180.000 pessoas acabou sendo invadido por 500.000, ou quase.
A festa aconteceu em 3 dias – 15, 16 e 17 de agosto de 1969 – o que quer dizer que estamos à 40 anos, quase exatos, depois. Ou à este tempo do segundo dia da festa que como pode-se perceber, não foi esquecida em semanas, nem décadas de jornais.
Drogas, sexo e rock’n roll. Maconha, amor e Janis Joplin. Com Jimi Hendrix tocando o hino dos Estados Unidos ao som de notas que mais pareciam tiros de fuzis e Janis sendo a maior estrela dos três dias de espetáculo, o festival entrou pra história com lastimáveis tentativas de repercussões, em anos bem distantes da guerra do Vietnã.
Meio milhão de hippies unidos em uma fazenda dos Estados Unidos ouvindo o melhor do rock do fim da memorável década de 60, dois registros de partos e quatro abortos, sabe-se lá quantos cigarros de maconha. Afinal, era uma oposição à Guerra do Vietnã, a maior exposição da cultura hippie, um grande encontro de amigos ou um erro que deu certo?
A república tupiniquim tentou incontáveis vezes reproduzir a festa, nenhuma edição do país do samba ou mesmo do país original alcançou o sucesso. Os tempos hippies do país do samba teve Raul Seixas no rock e o resto era MPB. Chico Buarque de Holanda ou Caetano Veloso. Nada de Janis, Jimi. Beatles, The Who e nhenhenhês solados por guitarras.
O Brasil sempre se destacou pelo samba e a bossa nova, os lanças-perfumes e o Rio de Janeiro, ser tropical e ter a maior floresta do mundo. O grande Woodstock verde e amarelo devia ser no corcovado, com aroma de loló, e a música? Como diria Drummond: letra de Chico com música de Tom. Até porque piratear a cultura de uma década, uma geração e um país que não lhe pertence, nunca vai servir pra comemorar nada além da falta de autonomia, relembrando também Cartola.
recomendação do dia: http://www.revistabrasileiros.com.br/edicoes/24/textos/643/
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Os Anjos Caídos (ou A Construção do Caos)
"Pai, me ensina a ser palhaço
Os homens são anjos caídos que Deus mandou para Terra porque
botaram defeito na criação do mundo. Aqui, começaram a
inventar coisas, a imitar Deus. E Deus ficou zangado, mandou muita chuva e muito
fogo, eu vi de perto a sua raiva sacra, pois foram sete dias de trabalho intenso,
eu vi de perto, quando chegava uma noite escura
Só meu candeeiro é quem velava o Seu sono santo
Santo que é Seu nome e Seu sorriso raro
Eu voava alto porque tinha um grande par de asas
Até que um dia caí
E aqui estou nesse terreiro de samba
Ouvindo o trabalho do Céu
E aqui estou nesse terreiro de guerra
Ouvindo o batalha do Céu
Nesse terreiro de anjos caídos
Cá na Terra trabalho é todo dia
Levantar quebrar parede
Matar fome matar a sede
Carregar na cabeça uma bacia
E esse fogo que a Sua boca envia
Pra nossa criação
Deus
Esse terreiro de anjos
Esse errar que é sem fim
Essa paixão tão gigante
Esse amor que é só Seu
Esperando Você chegar
Os Homens aprenderam com Deus a criar e foi com os Homens que Deus aprendeu
a amar.
a amar.
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O espelho da espuma
Não é o meu primeiro projeto de livro. Eu simplesmente nunca terminei um pela falta de organização mental e física. Eu escrevo trechos que gostaria de colocar nos meus livros por todas as partes, depois não consigo os unir e abandono a idéia. Desta vez contratei alguém pra receber todos arquivos de word e colocar na ordem mais sábia. Além de revisionar e colaborar no que mais for preciso.
A luz do banheiro estava ligada, e a porta aberta. Me aproximei. Primeiro eu descubro o que as pessoas gostam de fazer, depois eu observo como elas o fazem e sem querer acabo entendendo o por que.
Não fazia mais que três meses que eu dividia aquele apartamento com alguém. Embora ela parecesse apenas uma visita, ou alguma desconhecida perambulando pela minha casa, eu já tinha me apegado à presença silenciosa dela. Vivíamos cenas de solidão à dois.
Cada um almoçava no seu quarto, comidas diferentes, lavava a própria vasilha.Conversávamos pra pagar a conta e não muito mais. Não sei se ela tinha medo de mim, se não gostava de conversar ou se sentia-se muito inquilina e tinha medo de me incomodar com sua doce voz sem sotaque.
Encostei na porta do banheiro para conversar com ela, minha mãe fazia isso quando queria brigar comigo. Não creio que minha cara, naquele momento, era séria. Mas ela também pareceu sentir-se um pouco amedrontada de alguma bronca, até uma expulsão – talvez.
Me olhou através do espelho e continuou a escovar os dentes, tirando os olhos dos próprios olhos e olhando fixamente pra mim, evitava virar:
_ Não é engraçado o espelho?
Continuou calada escovando os dentes.
_ É sim. Meio gozado que quando olho pro espelho daqui não vejo nem sombra minha, vejo seus olhos, e você vê os meus, não é? Oxe, não é?
Enxaguou a boca, gargarejou a água e sem muita vontade respondeu que era mesmo.
_ O melhor é que eu sei que estás me olhando enquanto te olho e isto é bonito. O espelho me faz pensar, sempre fez.
_ Não sei se pelo espelho também. Eu penso escovando os dentes.
_ Você gosta de escovar os dentes, eu sei. Mas não é pra pensar.
_ Pensa que é pra que então?
_ Quando escova os dentes deixa propositalmente a espuma escorrer pelos cantos da boca, criando assim uma barba. É da barba que você gosta. Queria ter uma igual a minha?
_ Eu gosto de barbas?
_ É o que me parece.
_ Ah! Eu gosto, mas em homens.
_ Você vê o homem ideal no espelho, quando a espuma cobre seu rosto.
_ Porque você ta me falando estas coisas?
Não lembro uma frase a mais. Porém a única certeza que tenho é que a próxima frase já não estava no mesmo contexto.
A gente sonha a verdade?
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Diversidade
Pra quebrar o silêncio
Tenho lido mais que escrito, e minha cabeça me parece uma revolução de idéias. Se eu colocasse todas em prática não faria nenhuma. Faço o fim pelo contrário, nenhuma pra não fazer todas. Quanta coisa nova descobri com o Desembocadouro do Bruno.
De leitura em vídeo assistido, música escutada, poema analisado e programa de tv repetido conclui a teoria já há muito mencionada pelos professores de qualquer faculdade: um blog vive de links. Sim, de links. Porque precisamos da intertextualidade. Um blog que simplesmente indica links pode não ser o melhor, mas tampouco será o pior. Um blog de conteúdo ruim e sem links não será lido nem pelo autor.
É raro eu indicar uma música, um vídeo, um site por aqui. Eu sei. Mas pra cobrir este meu silêncio vou começar a "desembocar" uns favoritados de vez em quando. (Coisa que tenho feito também no twitter.)
Enfim... sem fim... os companheiros insonos devem ter assistido nesta madrugada o programa Som Brasil em homenagem aos Paralamas. Nada a reclamar de nada. Foi excelente. Só queria indicar uma das cantoras participantes a Maria Gadu:
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faz um tempo que voltei pro twitter...
eu não o uso como manda o gabarito...
eu uso o twitter pra desabafar as frases soltas que me vêm a mente...
não precisa clicar no link...
mas se quiser ver mais reticências do que neste post...
pode clicar...
http://twitter.com/lilianalcantara
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Metade
A outra não achei
É a única coisa que eu aumentaria à este poema. E claro, assexuada como sou, desalmada, tiraria as partes que indicam vida à dois.
Porque eu acho que metade é você, a outra metade é o que faz, o que gosta, os amigos, a família, o que rodeia, a situação, o ambiente e as condições.
Não vou estragar o poema com uma análise minha.
Porque metade é o que escrevo, metade é o que apago.
Não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.
Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço
Que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que eu penso mas a outra metade é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste, e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância
Por que metade de mim é a lembrança do que fui
A outra metade eu não sei.
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção.
E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.