Dopping

Não importa se o seu caminho pra casa é o mais bonito do mundo, depois que acostuma você nem percebe mais. Passa direto pelas árvores, insetos, arbustos, pessoas, carros e pelo céu esverdeadamente azul-vermelho. Sem notar que a natureza muda dia após dia.
Sabe-se lá porque aquele dia voltar pra casa significava um pouco mais, era como se nunca tivesse visto nada ali, bem devagar observava cada detalhe.
Algo lhe cuspia nos ouvidos que tudo ali era diferente, diferente não se sabe de quando mas era.
Quantas pessoas já tinham caminhado por aquelas ruas? Quantos casais abraçados? Há quanto tempo plantaram aquela árvore? Aquela árvore.
Chegou mais perto do tronco largo e percebeu que haviam dois buracos na arvore como se tivessem feito com um machado, outro maior mais embaixo, na outra árvore também e em todas daquela fileira:
_ Boa noite!
Deu um pulo pra trás e caiu no asfalto.
_ Eu só posso estar sonhando, quer dizer, vocês criam vida à noite?
A placa ao pé da faixa de pedestre (um homem atravessando à rua amarela da placa) começou a passar em velocidade rápida lhe despejando mil imagens, atravessando a faixa, um tigre, uma mulher, placas de porta de banheiro, placas de animais atravessando a pista e a imagem de todas as placa que ele vira ou não em sua vida.
A lua tava linda e cheia com seu brilho prata iluminando as ruas como se fosse dia.
As lixeiras se balançavam com pressa, ventava muito, mas um vento quente.
Dois galhos trepavam no chão, faiscando sementes
_ Vá pra casa antes que a gente volte ao normal.
_ Por que?
_ Ouça o conselho de quem mais te acolhe, ouça a rua que você tanto chama de natureza.
_ Mas me diz quando vocês ficam assim.
_ O primeiro dia do último ciclo de lua nova. De 3 às 4 deste dia estaremos esperando por você aqui.
Tudo ficou preto. E a lua cheia se esvaziou. De repente.


Aliás vou recomendar um livro: Por preguiça de digitar no google o nome do livro e aprender a escrever o sobrenome do autor (o mesmo do O Mundo de Sofia) vou deixar só o nome do livro mesmo: O Curinga

2 comentários:

Wilson Ossoguju 16 de dezembro de 2009 às 18:58  

Opa, dica anotada.
E tô providenciando um calendário pra acompanhar o ciclo da lua nova...
É... mais alguém q leu este texto lembrou das árvores do Senhor dos Anéis?!

Anônimo 18 de dezembro de 2009 às 11:01  

Eu lembrei daquela árvores nervosinha do Harry Potter !

Eu queria tanto ter uma daquela no quintal da minha casa... ...ia ser uma briga todo dia... ...mas ia ser bom.


edo...

Pesquisa

04/08/2009

No final de 2007 eu perdia o sono semanalmente pensando em algum texto. O cansaço físico me impedia levantar da cama para anotar os poemas, textos e frases que vinham à cabeça. Criei então o Segundo Lílian, em Junho de 2008. Postando anotações feitas na madrugada, sonhos rememorados na manhã seguinte, inspirações do meio do sono vespertino. Sem habilidade de escrita tive um blog trágico, perdi meus leitores e a vontade de escrever.
No final daquele ano resolvi criar o Insônia Registrada. Já que todos meus textos eram decididos durante a insônia, ou me tiravam o sono. Era um novo blog, pensado diferente, com novo tema, nova forma de escrita, novo visual - que já foi modificado uma dezena de vezes - além de agora um período de vida bem mais traduzível em letras.
Hoje, o blog já virou um vício. Textos, links, vídeos, descobertas, lembranças... tudo vem pra cá. Tirando o sono de quem lê também. Tamanho vício me levou a criar um blog de esportes, um de filme, participar brevemente de um blog de humor e me fez até perder a vergonha do Segundo Lílian.
Porque segundo Lílian, a insônia será registrada.