Pra não parar de postar

Um par de All Star vermelhos caminha sobre a rua, sob a chuva. Ao pé do ouvido a Janis grita pra que ela chore, "cry baby, cry". O moletom azul parece ter sido esquecido em casa, os pêlos dos braços mantêm-se arrepiados, e um tremor: frio. Janis é trocada por Alberto Rodrigues que sabe bem melhor como afligir alguém relembrando que o jogo continua de 1 x 1 aos 40 minutos do segundo tempo.
De repente é gol! Os braços se erguem, o estádio lotado quase se concretiza dois passos à sua frente. Joelhos doem mais no frio, se é que alguém aqui tem condromalácia. Os passos ficam mais calmos, e a cabeça mais gritante, e sem aviso prévio GOOOOOOOOL.
_ Três a um? - a essa altura do jogo? Do fôlego?
O frio não passa, a fome também não, adiante um carro à toda velocidade, uma poça e o resto já sabem. Molhada, com frio, com fome, a noite, e a voz de Janis ecoando ainda implora para que chore, não tem porque chorar, mas alguma coisa encomoda, algo implora para que chore e ela nem acredita nessas coisas. 
_ GOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL! - 4 x 1 ? No final do segundo tempo? Essa virada toda? E porque a Janis quer que ela chore?
Alguma coisa parecida com fios de cabelo de milho atravessam seu caminho, estão jogados no chão, molhados pela chuva. Chamam a atenção por estarem dispostos de forma que parecem simbolos japoneses, chineses ou como preferir.
A voz de Alberto Rodrigues é trocada pelo desafinado china e "acendo um cigarro, o vício é tudo que você deixou pra mim", nunca foi tão real...  

1 comentários:

Wilson Ossoguju 15 de abril de 2009 às 21:05  

Ow, gostei do que/como você escreve! Vim parar aqui depois de clicar no seu nome lá nos comentários da Alice Sant'ana.
Pô e quê isso, né: Janis... Alberto Rodrigues vibrando com o Cruzeirão... e depois o China... tô na torcida pra continuar postando! Abraço procê!

Pesquisa

04/08/2009

No final de 2007 eu perdia o sono semanalmente pensando em algum texto. O cansaço físico me impedia levantar da cama para anotar os poemas, textos e frases que vinham à cabeça. Criei então o Segundo Lílian, em Junho de 2008. Postando anotações feitas na madrugada, sonhos rememorados na manhã seguinte, inspirações do meio do sono vespertino. Sem habilidade de escrita tive um blog trágico, perdi meus leitores e a vontade de escrever.
No final daquele ano resolvi criar o Insônia Registrada. Já que todos meus textos eram decididos durante a insônia, ou me tiravam o sono. Era um novo blog, pensado diferente, com novo tema, nova forma de escrita, novo visual - que já foi modificado uma dezena de vezes - além de agora um período de vida bem mais traduzível em letras.
Hoje, o blog já virou um vício. Textos, links, vídeos, descobertas, lembranças... tudo vem pra cá. Tirando o sono de quem lê também. Tamanho vício me levou a criar um blog de esportes, um de filme, participar brevemente de um blog de humor e me fez até perder a vergonha do Segundo Lílian.
Porque segundo Lílian, a insônia será registrada.