Cama ciumenta

Minha cama sente ciúmes, é maltratada por toda a família mas é a única cama no mundo que abraça uma pessoa, por isto tanta gente gosta da minha cama sem saber o porque.
Durmo com minha avó, é raro estar em casa e dormir em minha cama, prova disso é o colchão duplo comprado próximo ao meu aniversário do ano de 2008, permanece duro e intacto, com cheiro de loja e etiquetas da mesma. Se durmo em casa tenho preguiça da firmeza permanente em meu colchão, não retiro a colcha e deito por cima de tudo, sem travesseiro mesmo, acordo reclamando.
Uso minha cama apenas como extensão da mesa do computador, ou do meu guarda-roupas: fichário, livros, roupas, revistas, calendários, lapiseiras... todos já visitaram minha cama. Como não os retiro dela, fica difícil deitar na mesma durante o tempo que estou em casa. Pra deitar preciso me retorcer e encaixar no 'S' vago entre meus entulhos.
Aos poucos minha cama começa a tomar raiva de mim, pela falta de carinho que lhe tenho desde que a troquei pela cama de casal antiga que durmo na casa de minha avó. O colchão não chega próximo de ser duplo, mas é largo; não tem nenhum benefício para minha coluna, é de eponja; não tem conforto algum, mas não tem entulho.
Sei que a culpa nunca foi da minha cama, é minha. Decido pedir desculpas a minha cama em dias frustrados, chego em casa querendo colo de travesseiro, tiro tudo que está sobre ela, jogo no chão: boa tarde caminha. E me debruço com braços pra cima, cabeça de lado, olhos fechados. Minha cama me abraça, aceita o pedido de desculpas, ri-se do chão entulhado. Me acolhe e dá conforto, coisa que ela nunca faz nos nossos dias de briga.
E quem disse que cama não tem coração?

1 comentários:

Anônimo 23 de fevereiro de 2009 às 12:09  

Oi, Lílian. Tenho acompanhado teus escritos, e acho que estão ótimos! Tens estilo próprio, é o que me parece... Os textos não são longos, cansativos. São leves e com um certo humor. Parabéns!

Pesquisa

04/08/2009

No final de 2007 eu perdia o sono semanalmente pensando em algum texto. O cansaço físico me impedia levantar da cama para anotar os poemas, textos e frases que vinham à cabeça. Criei então o Segundo Lílian, em Junho de 2008. Postando anotações feitas na madrugada, sonhos rememorados na manhã seguinte, inspirações do meio do sono vespertino. Sem habilidade de escrita tive um blog trágico, perdi meus leitores e a vontade de escrever.
No final daquele ano resolvi criar o Insônia Registrada. Já que todos meus textos eram decididos durante a insônia, ou me tiravam o sono. Era um novo blog, pensado diferente, com novo tema, nova forma de escrita, novo visual - que já foi modificado uma dezena de vezes - além de agora um período de vida bem mais traduzível em letras.
Hoje, o blog já virou um vício. Textos, links, vídeos, descobertas, lembranças... tudo vem pra cá. Tirando o sono de quem lê também. Tamanho vício me levou a criar um blog de esportes, um de filme, participar brevemente de um blog de humor e me fez até perder a vergonha do Segundo Lílian.
Porque segundo Lílian, a insônia será registrada.