Escrevo, logo não choro.

Você começa a perceber que algo está errado quando sua vó conta o mesmo caso duas vezes, seu cachorro não pula na perna da visita, seus pais não dormem na mesma cama e sua fronha não pára no travesseiro.
Será envelhecimento precoce quando você tem paciência para assistir um filme inteiro até duas da madrugada sem reclamar da nostalgia? O nome desta paz e vontade de dormir até mais tarde é falta de energia? Quem está morrendo: você ou alguém do seu lado?
Se o sono começa a ficar leve e qualquer chuvinha fraca te acorda na cabeceira da cama, quer dizer o quê? Não quer dizer nada demais, você está chegando ao lugar de onde veio, de onde certamente não deveria ter saído. Seu tempo começa a retroceder, músicas antigas, livros antigos, você se volta à família e se cansa de revoltar. O nome disso é amadurecimento? Não, certamente continuo na minha eterna infância.
Quando você se alegra porque os bebês aprendem falar seu nome direitinho, tudo parece tão, tão infeliz. Seus sorrisos duram poucos segundos, e é difícil gargalhar ou manter conversas longas. Seu novo hobby é procurar palavras no dicionário e, ou, sair do quarto as 6 da manhã, sem dormir, dizendo que acordou cedo demais.
Sintoma de férias? Preocupação? Retroceda ao seu passado, machuque todo mundo pra buscar os velhos amigos que você já não quer mais, depois jogue-os fora dentro de meia hora. Magoe a própria mãe, nada faz chorar. É estranho ser insensível. Por quê tá todo mundo chorando? Uma mágoa irrompe dentro de você, mas quais nervos eu tenho que comprimir pra fazer isso escorrer em lágrimas?
Desculpe mas eu não sei chorar. Então escrevo.

De 2008 à 2007. Um feliz ano pra você(s).

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Pesquisa

04/08/2009

No final de 2007 eu perdia o sono semanalmente pensando em algum texto. O cansaço físico me impedia levantar da cama para anotar os poemas, textos e frases que vinham à cabeça. Criei então o Segundo Lílian, em Junho de 2008. Postando anotações feitas na madrugada, sonhos rememorados na manhã seguinte, inspirações do meio do sono vespertino. Sem habilidade de escrita tive um blog trágico, perdi meus leitores e a vontade de escrever.
No final daquele ano resolvi criar o Insônia Registrada. Já que todos meus textos eram decididos durante a insônia, ou me tiravam o sono. Era um novo blog, pensado diferente, com novo tema, nova forma de escrita, novo visual - que já foi modificado uma dezena de vezes - além de agora um período de vida bem mais traduzível em letras.
Hoje, o blog já virou um vício. Textos, links, vídeos, descobertas, lembranças... tudo vem pra cá. Tirando o sono de quem lê também. Tamanho vício me levou a criar um blog de esportes, um de filme, participar brevemente de um blog de humor e me fez até perder a vergonha do Segundo Lílian.
Porque segundo Lílian, a insônia será registrada.