Férias por tempo indeterminado


não sei bem por quanto tempo andarei sem atualizar meu blog.
espero voltar com algo de bom pra escrever.

Insônia louca insônia, insã

Um brinde a insônia!

Este sentimento mais forte que amor, mais instantâneo que miojo, às vezes tratada como sintoma, doença ou aflição.
Um brinde a insônia!
Que trouxe a lucidez aos poetas bêbados, que antes da bruma trouxeram obras à humanidade.
Um brinde a insônia!
Esta coisa louca que percorre meu corpo antes de dormir, me deixa sonâmbula quando durmo. É a necessidade de ficar acesa.
Um brinde louco à insônia!
Que me mantem mais acordada para bebericar um pouco mais, para escrever um pouco menos.
Saudem a insônia!
Essa força invencível que me dá sete vidas antes do sono. Irreversível como vida sem crtl+z.
Um grito pela insônia!
Que tanto me aflige quanto tira a aflição de todo ser, insônia louca e presepada que me mete em cada cilada, que só podia rimar assim.
Mantenham-me bêbada para quem sabe, talvez, compor versos de amor. Por enquanto só quero manter toda minha insônia, perder o sono pensando em histórias de terror.
Não dormir é como não ter medo de acordar, toda vez que fico acordada pela noite descubro que ninguém vai morrer, a não ser eu, a não ser eu mesma, a não ser eu, eu mesma.
Me dê um abraço como saudação. E eu contarei cada segundo que ele durar, como sonhos que perdi enquanto conversava com uma velha amiga, a insônia.
Menos repetitiva neste texto, que em minhas útilmas noites.

Estou ficando louca, mas a insônia ainda é lúcida. Então brindem pela insônia, pela insônia.


Por Fora do Meu Eu Lírico

Enquanto eu procurava vida na vida, um porção de gente me mostrava uma saída. Eu nunca entendi saída pra onde, pra quê, de quem... Sei que diziam que a saída era estudar, a saída era acreditar, era Deus, era amigos, era minha família. Não sei qual parte da minha vida se passava tão presa longe de mim que eu precisava tanto de uma saída.
Sei que um dia resolvi sair, saí pra bem longe e de lá eu finalmente iria pra mais longe, e um dia estaria tão longe que não teria saída, seria livre. Não tem porta. Deu errado! Procuro de novo uma saída, saída de que? Todas as manhãs procuro sair de uma grade de palavras que fiz, uma teia sem fim cheia de ilusões escritas, transcritas. Coisas que é bem melhor se não verbalizar, mas fazer o que, eu verbalizo. De todos os seres que conheço, sou a mais imperfeita, costumo não errar inconscientemente, erro pra errar. Se dou um tiro na cabeça de alguém, sei que foi pra matar, ou compará-lo a um vegetal daqui dois dias numa nota curta de jornal.
Acho que nunca fui totalmente inconsciente de algum ato como sou da escrita. O tempo todo descubro coisas nas coisa que escrevo, quando leio algum texto antigo aprendo um pouco de mim, e vou me conhecendo como se eu fosse um objeto estranho. Escrever e ler pra mim é útil demais pra ser verdade, empilho os livros sob a estante e vou contando nos dedos as palavras novas que aprendo, depois não sei qual o efeito que tudo provoca.
Depois que passei a escrever em blogs descobri que sou capaz de controlar a mente de um monte de seres que já nascem adestrados, ou se Cazuza for mais direto "essas sementes mal plantadas, que já nascem com cara de abortadas / pras pessoas bem pequenas remoendo pequenos problemas querendo sempre aquilo que não têm". Voltando, descobri que podia escrever um texto triste e fazer todo mundo sentir que tem a vida perfeita e ter dó de mim, escrever uma falsa confissão e ouvir as pessoas dizendo que sentem orgulho de mim.
Fico feliz e excitada com a idéia de poder levar pessoas a cometerem quase um suicídio depois de um texto meu, e outras a visitarem um asilo pra ter certeza se querem envelhecer. Por outro lado, é triste ser tratada como a personagem dos meus textos. É como se eu fizesse a antagonista da novela e todo mundo tomasse raiva de mim, me atirassem pedras pela rua. Ninguém entende, que eu não faço um diário? Se me inspiro em aspectos da minha vida, é tudo uma questão de auto-desconhecimento, mas quem lê não deveria ler quem escreve, e sim aquilo que alguém escreve.
Meu blog é tão frouxo, que não consigo fazer as pessoas entenderem a minha primeira pessoa como um eu lírico. Agora eu entendo os poetas desalmados. Agora sim.

Um texto bem ruim

Quando eu era pequena gostava de copiar a tarefa errada, sempre esquecia os dois pinguinhos no sinal de dividir, só por que subtrair sempre foi mais fácil que dividir. Adorava as aulas de português, o que se faz contrário hoje. Eu me divertia escrevendo poemas, alguns que ainda guardo, e achava o máximo rimar palhaço com aço e no fim comparar a um maço de cigarros e no fim de tudo iria rimar com um pigarro.

Meu problema mesmo era na hora de assinar, ficava pensando nos poetas que eu lia: Vinicius de Moraes, Pablo Neruda... e outros que sempre tinham só dois nomes. Eu era Lílian Moreira de Alcântara. Um problemão, era um nome longo pra falar, mas não podia tirar o nome do meio por quê eu gosto da minha mãe, também não podia abandonar o nome do meu pai. Era uma grande aflição que não pudesse decidir entre o nome de meus pais.
Certo dia, sentei na mesa e comecei a rabiscar meu nome, Lílian Moreira de Alcântara, Lílian Moreira Alcântara, Lílian M. Alcântara, Lílian M. A, Lílian, Líli, Lili, Li, L, . , e sabe-la como aquele ponto ainda era eu, e guardava toda a genética dos meus pais... antes que eu completasse meu racicionio falei em voz alta: Carlos Drummond de Andrade. Sim, eu poderia usar meus dois nomes.
Cresci com a mudança de idéias, deixaria de lado a escrita, seria engenheira mecatrônica, me desencantei com engenharia, seria arquiteta, atriz, economista, atoa, atéia, hippie, nada, defunta. O importante mesmo é o que quer que eu fosse, ou seja. Digo, na minha profissão poderei assinar tanto Lílian Moreira, como Lílian Alcântara, Lílian M. Alcântara, ou até mesmo um ponto. Importante é trabalhar não é? Assim diz minha mãe.

Oi amigos, tchau amigos.

Andei me questionando sobre uma série de coisas:


- Antes de estourar as bandas EMO's o que os ditos emos ouviam? - Blink 182, foi o mais próximo que encontrei, me disseram sobre Legião Urbana, fiquei horas tentando imaginar Renato Russo de franja (coisa bem não citável).

- Auto-biografia é a biografia da pessoa escrita por ela mesmo, auto-retrato seria o retrato da pessoa fotografado por ela mesma (ou pintado). Logo, auto-ajuda deveria ser uma ajuda da pessoa pra ela mesma, concorda? Então me explica, livros de auto-ajuda são pra ajudar o escritor? Ou o nome que tá errado mesmo?

Melhor resposta até o momento: Sim, são pra ajudar o escritor... a ficar bem rico.

- Fui perguntar pra um amigo se Deus era ser vivo, no sentido biológico da palavra (recuso chatos me convertendo via msn). Depois de uns 45min. a gente chegou a conclusão que Deus não pode ser um ser vivo, mas também não é morto. Deus é um vírus?

- Que relação biólogia tem entre sentir vergonha e ficar com a pele rosadinha (vermelha / rocha) ?

Se Freud não quiser explicar manda pro Murph, ele sempre explica bem, mentira.

Só mais uma, alguém sabe me dizer quais sãos as mudanças da reforma gramatical da lingua portuguesa além do exilamento da trëmä? obs: a trema sumiu do português, do meu teclado não

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Pensando Demais

Um olhar perdido me parou na rua, atravessou meus pensamentos e como quem degola uma imagem perdi todo o compasso ao andar, esqueci brevemente o que pensava e resolvi não lembrar que estava atrasada.
Era uma criança, um menino bem pequeno e magro, os cabelos curtos, bochechas caidinhas de cheias e o olhar perdido entre os faróis de carros. Simplesmente não sabia onde olhar. Por mais que falassem ao seu ouvido ele nunca ouviria, estava em contato com um outro planeta, dormia de olhos abertos, não sabia o que estava fazendo, nem quem eram aqueles que o acompanhavam de um lado para o outro.
Provavelmente seus pensamentos naquele momento não tinham nexo algum, assim como meus poemas, ele terminava por não pensar, de tanto que pensava. Imagino os vultos barulhentos que passavam pela sua cabeça, num reflexo de cores, assim como os faróis dos carros refletiam em sua retina, ou nas vidraças das lojas.
Em total anonimato me transmitia pena e alegria. Eu desejei ser ele por uns instantes e como dois raios de luz que se encontram numa fração de segundo nossos pensamentos se cruzaram, os olhares também. Quase como nos filmes se olha para o grande amor, troquei com ele o olhar de duas crianças apaixonadas. Não um pelo outro, mas pelo pensamento em comum.
Acabei como o garoto, pensei tanto que já não estava pensando.

Quando Eu Sair de Órbita

Quando a minha retina se cansou de ver rotina bati as botas e sai da rota, perdi a órbita.
E dizem que o coração é do tamanho da minha mão, então prendo você entre os dedos e dou um laço, caio logo pro abraço.
O abraço é um laço depois de um passo, que dura um segundo mas passa como dois milésimos.
Milésimos, mil anos, uma década que não te vejo. Entre um abraço e outro um centenário, volte pro nosso Brasil amarelo-canário.
Ia até te fazer uma carta. Pra você vir logo pro nosso abraço, mas desequilibrei o lápis e o lápis também perdeu o passo.
Se Djavan não entender, que fique só por escrito isto tudo que nem por menor é bonito.
E eu, que carrego nas lágrimas um monte de por quês, resolvi trazer no sorriso todas as respostas.
E é só pra te atrair, só pra te atrair.
Quando eu voltar pra minha órbita, já vão ter mudado as estações e trairei o seu e a outros mil corações.

Você não é ruim de interpretação, é que o texto não tem sentido mesmo.

Eis o Sol, Eis o Sol


Começa neste minuto o horário de verão, meu pôr-do-sol virá mais tarde. Uma vez resolvi agradecer à Deus por não ter posto o Sol tão perto de meus olhos, se ele morasse próximo a Terra, os homens o plastificariam, como fizeram com a Lua. Pousariam por lá com seus jatos cheios de fogo por baixo, causando-lhe sabe-se lá quais danos. Que bom não vão plastificar o sol!
Queria conversar uma só vez com o Sol, e ele é Deus. Quem mais assistiu tudo desde o começo? A construção das pirâmides de Gisé... Que gloria é esta de assistir tudo sempre? Queria perguntar ao Sol sobre minha avó que não conheci, queria saber por que ele é tão feliz ao amanhecer e tão triste pra se pôr.
Ninguém sabe se o Sol sente saudades, se ele é Deus, e se pensa. Nem pergunte ao seu professor de química, ele não sofreu junto com os soldados das guerras, não sou a camisa dos escravos, nem gira de Japão à Brasil em vinte e quatro horas.

Toda vez que olho pro Sol me escapa um grunhido por medo de morrer. Não quero deixar tudo de bom que faço aqui, mas ao mesmo tempo morrer é uma esperança. Esperança de não sofrer mais, ou de ter uma vida ao lado de todo mundo que já foi. Tudo bem que não creio nisto, mas é bom iludir às vezes que 'tal Madrinha Vina' (avó materna) estará me esperando para um abraço.
O Sol sim me faz acreditar em algo, o Sol é tempo. Ele demarca no meio exato do céu o meio do dia, e brinca de fazer sombra, mas ninguém percebe que a sombra é um espelho monocromático. Como eu queria contar pros caras da NASA que Marte não tem nada de tão diferente, o Sol sim merece uma boa pesquisa, o Sol tem muito a dizer.
Se é pra acreditar numa força superior acredito no Sol, a estrela que não se apaga. A estrela mais próxima de mim. O Sol também é fogo, por isto é Deus, ele é pai. Assim como um pai, você pode sentir saudades do Sol, é só fazer uma fogueira no meio dos gravetos pra chegar mais perto. O Sol se enfurece e queima matas. Brinca com as crianças, fica longe e perto, dorme e acorda. Mas ele não manda em ninguém, apenas assiste tudo, e as vezes reage.
Quando agradeci a Deus por não ter posto o Sol perto da Terra, entendi que eu estava agradecendo ao Sol por ele mesmo. Depois que descobri de verdade quem era o Sol acreditei em força superior. Claro, bem diferente do que diz a bíblia. Apenas, Sol. Sem mandamentos, sem filho Jesus, sem criação do mundo. Deus é um grande expectador.
Fazem 21 minutos que é para todos os brasileiros residentes nas zonas Sul, Sudeste e Centro-Oeste adiantarem uma hora da vida do Sol (ou Deus, como preferir).
Plastificaram o Sol!

O espelho

O espelho é uma incógnita. Não sei se ele me reflete, ou eu reflito ele.


q

Como você chama?(femininos)


Verônica é um nome bem forte, parece até palavra pra espantar vampiro. Pra ser Verônica tem que ter uma força a mais, Verônicas nunca chorarão sem motivo. Normalmente não se destacam no meio de um monte de gente, mas uma Verônica certamente será vigiada de longe, por pura admiração. Admiração muda.
Coisa que não posso dizer sobre as Ana's. Estas normalmente precisam de um apoio forte, são melódicas, e choram por tudo e todos. Amam muito, e sempre têm esperanças de tudo se resolver. Costumam perder-se num mundo cor-de-terra que só elas frequentam(sim as tremas foram extintas) e no fundo elas sabem.
Agora pense nas Bárbaras, vendo o nome assim tão detalhadamente penso nos povos bárbaros, dos quais não sei muito, mas penso logo em tirinhas de Hagar, o Horrível. E nem sei se Hagar é um bárbaro, frustrante. Voltando ao feminino, as Bárbaras costumam ser agitadas, um pouco roberts e de lua.
Não vejo muita semelhança entre as Robertas, além da vaidade. Mesmo que seja cada uma com seu tipo. E as Biancas então? Sabrinas? Heloísas?...
Queria entender o peso de um nome, de uma hora pra nascer, nascer na água ou na cama, parto normal ou cesária, meu signo... peraí. E as Lílian's o que têm em comum? Conheço duas outras, acho que somos todas antas Liliantas, esqueceram um pedaço do nome.
Que texto ruim, alguém tem uma arma pra me emprestar? Devolvo depois de suicidar.

O Possessivo de Namorar

_ Pai, como é o plural de arco-íris?

_ Arcos-íris
E ele continuava a ler o jornal.
_ "Consertar" com S ou com C?
_ Com c é concerto musical, com s consertar as coisas.
_ Eu tenho um namorado!
_ Você está namorando, não fica bom usar o possessivo.
_ Tudo bem, estou namorando.
_ Isto.
_ Pai, pára de ler o jornal e presta atenção em mim.
_ Não é irônico?
_ O que?
_ Que os países socialistas estejam salvando o capitalismo?
_ Pai, presta atenção em mim.
_ Um dia seus filhos vão estudar em história o que está acontecendo hoje. Assim como você estudou o crack de 30.
_ PAAAAAAAAAAAAAAI, eu tô falando com você.
_ Pode falar filha. - e continuava a ler o jornal, bem desatento.
_ Eu tenho um namorado!!
_ Não acabei de te explicar esta?
_ Não tô fazendo uma pergunta, é uma afirmação.
Impaciente largou o jornal e furioso:
_ De que nós estamos falando então?
_ Calma pai, eu disse que estou namorando.
_ O que? Você tem um namorado?
_ Você não disse pra não usar o possessivo?
_ Não estamos discutindo português. Que história é esta?
_ Calma pai, calma.
_ Como calma? Você só tem 17 anos.
_ E isto é pouco?
_ Pra querer namorar em casa sim, nem terminou seus estudos. Uma menina que não sabe o plural de arco-íris não tem cabeça pra namorar.
_ Agora o senhor já me ensinou qual é, é arcos-íris.
Impaciente voltou a ler o jornal.

OI

Me surpreendi com a velocidade que meu contador de visitas tem aumentado, mas tá.
Vim aqui por que resolvi que aquele poema que fica ali do lado será trocado todas as sextas-feiras. E fim.
E quanto às outras decisões que fiquei de tomar... decidi não me acertar demais, vou escrevendo o que der, só tomarei mais cuidado antes de postar. Pretendo postar uma vez por dia.
Beijosmecomenta. Fui!

Filosofia de Calçada

Sentada no meio-fio da calçada tirou a sandália, e sentiu-se bem mais confortável que se estivesse em um sofá cheio de almofadas. Até por que ali, sentada no chão, já perdera toda formalidade e não precisaria forçar para que a coluna ficasse ereta, ou cruzar as pernas conforme manda o manual.
Era quinta-feira, véspera de feriado. Foi fazer uma viagem diferente, não pra muito longe. Queria ficar ali bem perto, talvez do lado de dentro, interno, eterno, verão e inferno. Quem entenderia a economista renomada sentar no meio da rua sem qualquer postura e começar a falar do céu e do inferno?
Trataria-se de loucura, talvez era isto que ela buscava.
Mirou o velhinho à sua frente, com a barba longa e grisalha o cabelo envolto por um pano vermelho. Então, o senhor levantou do outro lado da rua apoiou-se num cabo de vassoura e ficou olhando os carros que passavam correndo. Se soubesse quem era ela, iria até o outro lado perguntar se estava passando mal. Como não sabia, imaginou que a euforia de uma moça refinada sentar no chão era perda de emprego, não lhe deu atenção na verdade.
Ainda assim a moça insistia em olhar para ele. Até incomodá-lo. Então ele esperou calmamente o trânsito parar, atravessou a avenida e se direcionou à ela.
Sem graça, por perceber que ele tinha reparado que ela vinha observando-o à um certo tempo virou o rosto.
_ Moça, me encantei pelo seu terno vermelho, seu batom meio desgastado... Perdeu a pose com muito menos tempo que gastou para construí-la. Tenho certeza que passou mais tempo se maqueando que perdendo a maquiagem. Deve ter muitos pretendentes, comida em casa e uma estante cheia de livros. Esta parte eu sei, senhora. O que não sei mesmo é por que tem admiração por um velho louco do outro lado da pista, vim por que me incomodava. Não tive nada a perder, é só curiosidade.
Antes que pensasse como responder ele saiu andando vagarosamente.
_ Senhor?
_ Pensei que preferisse não conversar com estranhos, sua mãe não lhe ensinou?
_ Ensinou sim, mas já sou adulta.
_ Não entendi. Adultos conhecem todo mundo? Não sou estranho? Ou adultos não correm nenhum risco com os estranhos? Afinal, ser adulto influência em quê?
Resolvera então entrar no mundo filosófico do velhinho:
_ É ser adulto não influencia muito, só acumula. Imagina só se mudei de nome, ou de religião desde que nasci. E quanto ao porque te observo é por que me lembra um passarinho da infância. Um que pousava todo dia na janela do meu quarto bebericando as poças de água que se formavam após eu regar minhas flores.
_ Tenho bico? Penas?
_ Não. Mas é livre como meu pássaro, e um dia tanto quanto ele vou perder-te de vista. Mesmo que você continue eternamente nesta rua, eu não passarei aqui mais, ou mudarei de cidade.
_ Minha senhora, assim como seu pássaro bebericava o resto da água, eu beberico todos outros restos, e um dia alguém bebericará algo mais de você. Certamente esquecerás o passarinho, automaticamente a memória do passarinho terá minhas barbas.

Iniciando à todo vapor, com tudo quanto é cor

Abri o saquinho de Confeti. Por mais que eu tenha mais vícios de paladar que visuais, não comi nenhuma daquelas elipses coloridas, fiquei simplesmente admirando. É que todos os chocolates, ou pelo menos maioria deles são o chocolate por fora e um recheio por dentro, já este não: é o chocolate coberto por aquelas casquinhas.
Mais instigante ainda são as cores, eles são coloridos. Todo mundo sabe que aquele chocolate marrom é o que chamamos de chocolate preto, a absorção de todas as cores gera? Preto! Mas na prática não é bem assim, se for misturar suas latinhas de tinta da aula de artes, vai acabar fazendo marrom. Matou a charada?
Sim, o preto que chamamos de marrom e o marrom de chamamos de preto são ambos formados pela mistura de um monte de cores. O Confeti é um monte de cor e é chocolate preto.
Por outro lado quando refletimos todas as cores ao mesmo tempo temos? Branco. Pra isto o Confeti branco. Afinal quem é o Cheff Gênio e amante das artes que anda freqüentando a cozinha da Lacta à tanto tempo em total anonimato?
Enfim, vou comer meu Confeti.



"Não era natal
Nem Carnaval
Confeitavam um bolo
Cheio de confetes
Brancos e azuis
Negros e fevereiros
Não importa como
Eram todos de brigadeiro"

Carta ao Leitor - !

Era pra se chamar Sonambulando, e só ser lançado quando meu primeiro blog completasse seus 100 posts. Porém a pressa de mudar radicalmente minha forma de escrever me fez adiantar um pouco esta troca.

Talvez, na verdade devesse chamar Insônia, ao mesmo tempo Sonambulando. Os textos se dividem em dois, coisas escritas sem o menor pensamento prévio e reconhecimento de que foram escritas por mim (a parte sonâmbula) e coisas escritas quando não consigo dormir por ter algo a escrever (minha querida insônia de todo dia me dai hoje).

Meu sonambolismo crônico, que vagueia pela insônia deu trabalho pra intitular, e quase chamou O Ápice da Insônia, e por que raios é tão difícil arrumar um bendito (ou maldito) título? Ficou assim: Insônia Registrada, pra dar aquela idéia de "quando fico pensando na vida em vez de dormir escrevo o que pensei no blog". Apesar que depois que durmo as idéias da insônia antes de dormir já se foram.

Antes que eu aborte mais este vamos delirar. Evitarei talvez postar em primeira pessoa daqui em diante, e esta fica sendo a minha "Carta ao Leitor". Enfim, vamos dar à este texto o fim.

Pesquisa

04/08/2009

No final de 2007 eu perdia o sono semanalmente pensando em algum texto. O cansaço físico me impedia levantar da cama para anotar os poemas, textos e frases que vinham à cabeça. Criei então o Segundo Lílian, em Junho de 2008. Postando anotações feitas na madrugada, sonhos rememorados na manhã seguinte, inspirações do meio do sono vespertino. Sem habilidade de escrita tive um blog trágico, perdi meus leitores e a vontade de escrever.
No final daquele ano resolvi criar o Insônia Registrada. Já que todos meus textos eram decididos durante a insônia, ou me tiravam o sono. Era um novo blog, pensado diferente, com novo tema, nova forma de escrita, novo visual - que já foi modificado uma dezena de vezes - além de agora um período de vida bem mais traduzível em letras.
Hoje, o blog já virou um vício. Textos, links, vídeos, descobertas, lembranças... tudo vem pra cá. Tirando o sono de quem lê também. Tamanho vício me levou a criar um blog de esportes, um de filme, participar brevemente de um blog de humor e me fez até perder a vergonha do Segundo Lílian.
Porque segundo Lílian, a insônia será registrada.