Dentro da minha cabeça, fora da realidade


É estranho pensar que neste momento longe do meu quarto, tudo que é meu vive uma realidade. Enquanto eu deito sobre a cama e penso sobre os mais variados assuntos, estes assuntos estão pensando em outros.
Enquanto penso no próximo jogo do meu time, os jogadores treinam. O mais complicado é pensar que eles treinam de verdade, eu consigo imaginar a cena deles treinando tranqüilamente, bola à gol, bola pro alto, correr em volta da quadra. O difícil é sentir. Da mesma forma que sinto o travesseiro afundado pela minha cabeça, ou o cobertor que me cobre. Não consigo sentir a bola sobre meu pé, não consigo apalpar os cones que tais jogadores correm em volta.
É estranho a mente humana, um verdadeiro cinema. Enquanto penso na prova de segunda-feira, imagino possíveis questões, meu aflito, a conversa na sala... crio uma imagem, vejo o rosto de cada um de meus colegas, ouço a voz da professora ecoando pela sala.
Saio totalmente da realidade, despercebo a voz da vizinha que entra pela janela, ou o ruído do computador ligado ao pé da cama.
Como posso imaginar alguém? Todas as pessoas que imagino têm suas imagens guardadas dentro da minha cabeça? E as pessoas que crio? Que imagino quando alguém tenta me descrever?
Essas imagens não-apalpáveis dentro da minha cabeça são estranhas, elas se tranformam em filmes, fotografias, quadros, idéias... outras vezes até em textos.
Imaginar para mim, é quase chegar ao nivarna, eu realmente vivo o momento que imagino, vivo a estrada que caminho no meu pensamento, vivo a aula que assisto deitada sobre a cama. Só não apalpo, não sinto o lápis escorregar em minha mão, não sinto mais nem o travesseiro afundado pela minha cabeça.
O pensamento me eleva. Saio da realidade, mas também não chego integralmente em outro mundo, deixo para trás o tato, sempre esqueço de levá-lo na bagagem. Ah idéias, que mal elas fazem. À que nirvana elas levam.

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Pesquisa

04/08/2009

No final de 2007 eu perdia o sono semanalmente pensando em algum texto. O cansaço físico me impedia levantar da cama para anotar os poemas, textos e frases que vinham à cabeça. Criei então o Segundo Lílian, em Junho de 2008. Postando anotações feitas na madrugada, sonhos rememorados na manhã seguinte, inspirações do meio do sono vespertino. Sem habilidade de escrita tive um blog trágico, perdi meus leitores e a vontade de escrever.
No final daquele ano resolvi criar o Insônia Registrada. Já que todos meus textos eram decididos durante a insônia, ou me tiravam o sono. Era um novo blog, pensado diferente, com novo tema, nova forma de escrita, novo visual - que já foi modificado uma dezena de vezes - além de agora um período de vida bem mais traduzível em letras.
Hoje, o blog já virou um vício. Textos, links, vídeos, descobertas, lembranças... tudo vem pra cá. Tirando o sono de quem lê também. Tamanho vício me levou a criar um blog de esportes, um de filme, participar brevemente de um blog de humor e me fez até perder a vergonha do Segundo Lílian.
Porque segundo Lílian, a insônia será registrada.